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Cultura do estupro é um contexto no qual o estupro é pervasivo e normalizado devido a atitudes sociais sobre gênero e sexualidade.
A sociologia da cultura do estupro é estudada academicamente por feministas, mas há uma discordância sobre o que define uma cultura do estupro e se determinadas sociedades preenchem os critérios para que possuam uma cultura de estupro. Comportamentos comumente associados com a cultura do estupro incluem culpabilização da vítima, objetificação sexual, trivialização do estupro, negação de estupros, recusa de reconhecer o dano causado por algumas formas de violência sexual, ou alguma combinação entre esses comportamentos. A noção de cultura do estupro foi usada para descrever e explicar comportamento dentro de grupos sociais, incluindo estupros dentro de prisões, e em áreas de conflito onde estupros de guerra eram usados como arma psicológica. Sociedades inteiras foram acusadas de possuir uma cultura de estupro.
Há evidências que sugerem que a cultura do estupro é correlacionada com outros fatores e comportamentos sociais, tais como racismo, sexismo, homofobia,classismo, intolerância religiosa e outras formas de discriminação.
O termo "cultura do estupro" foi cunhado pela primeira vez na década de 70 por feministas da segunda onda, e foi aplicada à cultura Americana contemporânea como um todo. [10]
Durante os anos 1970s, feministas da segunda onda começaram a se envolver em esforços de conscientização criados para educar o público sobre a prevalência do estupro. Antes, de acordo com Alexandra Rutherford, professora canadense de psicologia, a maioria dos americanos assumia que estupro, incesto e violência doméstica raramente aconteciam.O conceito de cultura do estupro assumia que o estupro era comum e normal na cultura americana, e que era simplesmente uma manifestação extrema da misoginia e do sexismo pervasivos na sociedade.
O termo aparece registrado pela primeira vez em 1974 no livro Rape: The First Sourcebook for Women, editado por Noreen Connel e Cassandra Wilson para o New York Radical Feminists. Esse livro, junto com Against Our Will: Men, Women, and Rape, de 1975, escrito por Susan Browmiller, foi um dos primeiros a incluir relatos de estupro em primeiro pessoa, e tinha o objetivo de defender que estupros eram muito mais comum do que se acreditava. No livro, o grupo defendia que "nosso objetivo principal é eliminar os estupros e esse objetivo não poderá ser atingido sem uma transformação revolucionária da sociedade."
A professora de sociologia Joyce E. Williams traça a origem e o primeiro uso do termo cultura do estupro ao documentário de 1975 Rape Culture, produzido e dirigido por Margaret Lazarus e Renner Wunderlich para o Cambridge Documentary Films, e diz que o filme "leva o crédito por definir o conceito pela primeira vez". O filme discutia estupros de homens e mulheres no contexto de uma normalização cultural mais ampla do estupro. O filme apresentou o trabalho do Centro de Crise de Estupros de Washington em cooperação com a organização Prisioneiros Contra o Estupro, Ltda. Inclui entrevistas com estupradores e vítimas, além de ativistas importantes como a filósofa feminista e teóloga Mary Daly e a autora e artista Emily Culpepper. O filme também explora como a mídia de massa e a cultura popular ajudaram a perpetuar estupros.
A partir dos anos 1970, o termo começou a ser usado em vários formatos na mídia.