Repara nesta pulga e aprende bem
Quão pouco é o que me negas com desdém.
Ela sugou-me a mim e a ti depois,
Mesclando assim o sangue de nós dois.
E é certo que ninguém a isto aludo
Como pecado ou perda de virtude.
Mas ela goza sem ter cortejado
E incha de um sangue em dois revigorado:
É mais do que teríamos logrado.
Poupa três vidas nesta que é capaz
De nos fazer casados, quase ou mais.
A pulga somos nós e este é o teu
Leito de núpcias. Ela nos prendeu,
Queiras ou não, e os outros contra nós,
Nos muros vivos deste Breu, a sós.
E embora possas dar-me fim, não dês:
É suicídio e sacrilégio, três
Pecados em três mortes de uma vez.
Mas tinge de vermelho, indiferente,
A tua unha em sangue de inocente.
Que falta cometeu a pulga incauta
Salvo a mínima gota que te falta?
E te alegres de dizes que não sentes
Nem a ti nem a mim menos potentes.
Então, tua cautela é desmedida.
Tanta honra hei de tomar, se concedida,
Quanto a morte da pulga à tua vida.
1) Releia esta estrofe de outro poema;
''Tudo aquilo que a nossa
civilização rejeita, pisa e mija em cima,
serve para a poesia''
a) Que relação você faria entre esses versos e o poema de John Donne?
ajudem, por favor!!!
Respostas
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Nos dois poemas há uma nova caracterização da poesia,onde eles recusam o papel do BELO !No poema de John Donne , o casal rejeita o casamento religioso feito pela Igreja e aceita a união feita pelo mais desprezível animal uma pulga ,na união pelo sangue . Na poesia de Manoel de Barros ,vemos que o papel do poeta é olhar para aquilo que a sociedade desprezam :o lixo, o detrito, a prostituta, a criança. Pois o belo : é “o que é bom para o lixo é bom para a poesia”
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