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"Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma." De maneira análoga a essa máxima de Lavoisier, "no Brasil o escravismo se cria, não se perde e não se transforma". Nesse pressuposto, mesmo após a aprovação da Lei Áurea em 1888, esta prática vigora até hoje. Isso é propiciado, seja pelas esferas governamentais, seja pela própria sociedade civil. Nesse viés é indispensável o debate acerca dessa problemática, para que dê mais visibilidade e busque-se respeito e dignidade a esses cidadãos.
Em primeira análise, o Estatuto que rege esse segmento social, previsto no Código Penal Brasileiro, não é exercido plenamente. Isso ocorre devido a ineficiência de fiscalização dessas normas. Tal inadimplência, por vezes, expõe o "cidadão-escravo" a cenários de violência e trabalho forçado sob condições precárias em relação às necessidades humanas básicas. Por conseguinte, eles se privam da denúncia, uma vez que encontram-se em condições financeiras desfavoráveis.
Ademais, vale inferir que a conjuntura social não possui conhecimento acerca do escravismo contemporâneo. Esse panorama ocorre em razão da escassez de denúncia e da falta de divulgação midiática quanto ao assunto. Isso impede que a população se mobilize com essa temática, o que é um agravante para a solução do problema. Assim, como diria Cazuza, "as causas são sempre reais".
Depreende-se, portanto, os hiatos responsáveis pelo trabalho escravo contemporâneo em território brasileiro. Para reverter esse quadro, políticas governamentais são salutares, assim como a ampliação de campanhas pelo Ministério Público com a finalidade de catalisar a aplicabilidade do estatuto supracitado. Outrossim, a parceria dos governos Federal, Municipal e Estadual deve treinar policiais para operações especiais nos locais onde há trabalho escravo, com a devida autorização judicial, a fim de investigar e abolir efetivamente essa prática. Por fim, a Escola e a Mídia têm o papel de informar e combater essa mazela social, por meio de debates e palestras, sensibilizando a sociedade brasileira.