• Matéria: ENEM
  • Autor: thayn4kakarynhamano
  • Perguntado 9 anos atrás

[...] Poucas coisas neste mundo são mais tristes do que um bolo industrializado. Ali no

supermercado, diante da embalagem plástica histericamente colorida, suspiro e penso: estamos

perdidos. Bolo industrializado é como amor de prostituta, feliz natal de caixa automático, bom dia

da Blockbuster. É um anti-bolo. [...]

Bolo é uma demonstração de carinho de uma pessoa a outra. É um mimo de avó. Um

acontecimento inesperado que irrompe no meio da tarde, alardeando seu cheiro do formo para a

Simulado Agosto 2015

casa, da casa para a rua e da rua para o mundo. É o que a gente come só para matar a vontade,

para ficar feliz, é um elogio ao supérfluo, à graça, à alegria de estarmos vivos.

Se você acha que é tudo bem, o problema é seu. Eu vou espernear o quanto puder. Se

entregarmos até o bolo aos códigos de barras, estaremos abrindo mão de vez da autonomia, da

liberdade, do que temos de mais profundamente humano. Porque o próximo passo será privatizar

as avós, estatizar a poesia, plastificar o amor, desidratar o mar e diagramar as nuvens. Tô fora.

Disponível em:

Acesso em: 7 jun. 2014 (Adaptado).

O gênero crônica, ao qual pertence o texto, pode reunir características dos mais diversos gêneros

textuais, dentre os quais se destacam elementos da narrativa, argumentação, humor, crítica

social/política, linguagem informal e tom jornalístico. Levando essas características em

consideração, pode-se dizer que na construção da crônica de Antônio Prata há destaque

a) Do estilo jornalístico do texto, notadamente pelo uso de uma linguagem objetiva, isenta de

impressões do autor, e de acordo com a norma padrão.

b) De um registro narrativo, uma vez que relata as ações de um evento cotidiano vivido pelo

autor, com uso de descrição e verbos que aludem a ações.

c) De uma suposta divagação nascida de um evento cotidiano banal, mas que guarda uma

crítica à automaticidade contemporânea ante os prazeres do ódio.

d) De um registro de memórias do autor, desencadeado por elementos sinestésicos

relacionados ao bolo que sua avó fazia, em especial no 2o parágrafo.

e) De uma crítica à insuficiência técnica das indústrias que, apesar do aparente

desenvolvimento, são incapazes de reproduzir um bolo de qualidade.

Respostas

respondido por: eduardomachad1
1
Resposta: D

Perceba que o autor começa a relembrar o significado que um bolo traz à sua mente (ou seja, memórias).
respondido por: herimed
0
Letra D, pois, o autor da crônica começa idealizando "bolo" e aludindo à outras coisas.
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