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Desde que vi o trailer e conheci a história do sniper americano Chris Kyle venho querendo ver o filme, lançado em fevereiro pela Warner Bros. Nessa quarta-feira finalmente consegui ir ao cinema e conferir essa produção que levou o Oscar de melhor edição de som na edição de 2015. Pois bem, não sou grande fã e entendedora de histórias de guerra – nem posso me considerar crítica de cinema, é claro! -, mas eis aqui a minha opinião pessoal, como sempre.
Primeiro, uma introdução para quem não sabe do que estou falando: essa é a história real de Chris Kyle, atirador considerado uma lenda na marinha dos Estados Unidos por conseguir acertar alvos a uma distância surpreendente e ter matado mais de 150 pessoas nas quatro vezes em que esteve na Guerra do Iraque (mais do que qualquer outro atirador americano). Chamado de Lenda pelos irmãos de guerra, Chris fazia de tudo para salvar os homens americanos e foi diversas vezes condecorado por seus atos heróicos.
O filme foi inspirado no livro autobiográfico escrito em 2009, quando Chris foi liberado pela marinha americana. (O livro foi publicado no Brasil pela Intrínseca!) Após passar alguns anos com a esposa e seus dois filhos, ele foi morto por um amigo e ex veterano de guerra, condenado essa semana à prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional. Chris se tornou uma celebridade nos Estados Unidos, e alguns o consideram um herói, enquanto outros o veem como um assassino de sangue frio. O meu objetivo aqui não é dizer de qual lado estou, mas se quiserem saber mesmo a minha opinião, pra mim ele foi um herói.
Muito bem produzido pelo aclamado Clint Eastwood, já é o filme de guerra mais visto nos Estados Unidos. No começo, pensamos que o roteiro é mais focado nas emoções e vida familiar que Chris deixou para trás em favor da guerra, mas não é isso. O trailer também faz parecer que é dessa forma que o filme transcorre. Porém, a história me surpreendeu por simplesmente contar a vida do atirador, desde criança até o seu último momento com a família.
E, claro, acompanhamos as voltas para casa e as dificuldades que Chris enfrentava para deixar de lado a realidade da guerra e dar atenção à sua família. Muitas vezes ele ouvia os tiros e explosões e não conseguia estar presente para sua esposa e filhos, e outras vezes Chris teve atitudes exageradas e inapropriadas em momentos em família, quando algo o perturbava sem motivo. Essa mistura das cenas entre a guerra e o conflito interno de Chris entre seu país e sua família foi feito com genialidade, a meu ver, de modo que a montagem das cenas e a construção da história ficasse sincronizado nos dois ambientes.
Bradley Cooper, que interpreta Chris, e Sienna Miller, que interpreta sua esposa foram incríveis na atuação. Dava para sentir a dor de Chris em deixar sua família pela necessidade de voltar à guerra e a tristeza nos olhos de sua esposa ao saber que seria deixada de lado novamente. E o pior: com a chance de nunca mais voltar a vê-lo.
É um filme forte e com cenas chocantes. Mesmo que todos conheçam a história real do sniper americano, o final consegue ser impressionante e emocionante. As cenas, o silêncio, a sensação… tudo isso deixou a sala de cinema com aquele ar pesado e compassivo. É difícil de acreditar que um homem que passou quatro períodos na guerra do Iraque seja morto dessa forma, mas é o que aconteceu. É uma pena que ele não tenha visto a repercussão de sua história no livro e, depois, nesse filme. Mas, pra variar um pouco, isso é vida real e não uma ficção.
Produção, enredo e atuação nota dez. Para alguém que não gosta muito de filmes de guerra como eu, Sniper Americano não deixou nada a desejar. Na minha opinião, é um filme digno de ser visto.