Respostas
Os deuses chamados Titãs governavam o mundo naquela época. Pouco tempo depois, um certo titã foi comunicado por um profeta que um de seus filhos o mataria. Assim, o Titã decidiu literalmente comer todos os seus filhos. Todavia, um destes filhos escapou à ''fúria esfomeada'' de Titã; esse filho era Zeus. Zeus travou uma batalha contra os titãs e os derrotou, para em seguida libertar seus irmãos da barriga do pai.
Assim, os irmãos decidiram dividir que partes da ''Criação'' seria incumbida a cada um. Hades, o mais velho, deveria ficar com as partes mais ''importantes'' (no caso, o céu, o soberano sobre os demais deuses), tendo em vista que vigorava uma ''lei'' de primogenitude que estabelecia que a maior parte dos bens deixados por um pai ficaria com o primeiro filho. No entanto, Zeus fez oposição a essa tradição, requerendo a posse dos céus. Assim, Poseidon, Hades e Zeus tiraram ''na sorte'' que parte seria dada a cada um. O primeiro ficou com os mares, o segundo com a morte e o terceiro, com o céu.
Ser o deus da morte era a função divina menos desejada, tendo em vista que os cultos se rendiam em torno de deuses que pudessem trazer algum amparo ou vantagem; a morte, por sua vez, é temida por todos.
O ''mundo dos mortos'' é o local habitado por Hades, e que está localizado no subterrâneo. Os gregos acreditavam que as cavernas eram meios de acesso a esse ''mundo''. Acreditava-se que depois da morte do indivíduo, ele seria transportado por um barqueiro até um dos três ''níveis'' que lhe coubesse:
O primeiro nível é semelhante à versão do limbo católico, um lugar sombrio onde as almas vagam sem destino [destinado às ''almas anônimas'' - que não se destacaram por exercer o bem mas que não cometeram erros tão graves em vida;
O segundo nível assemelhan-se à versão cristã do Inferno, por onde corria um rio de fogo e onde eram torturadas as almas dos que cometeram erros gravíssimos;
O terceiro nível lembra a versão judaico-cristã do Céu, onde as almas daqueles que se destacaram por exercer o bem seriam recompensadas pela fartura do Paraíso.
Um acréscimo: acreditava-se que para embarcar no barco do ''barqueiro'' que o levava até o seu nível era necessário pagar uma moeda - daí a origem do rito grego de colocar uma moeda embaixo da língua ou das pálpebras do falecido. As almas que não tinham dinheiro para embarcar (ou que morreram muito jovens, de forma muito violenta ou que não tiveram um enterro ''digno''), retornam à terra em forma de fantasmas, assombrando os ''vivos''.
Reza também a mitologia grega que Hades raptou uma jovem moça que estava colhendo flores e a levou ao seu mundo sombrio para reinar ao seu lado - essa moça se chamava Perséfone, filha da deusa da fertilidade, Deméter. Quando sua filha foi raptada, Deméter ficou muito triste e deixou de gerir a fertilidade na terra - iniciou-se um longo período de inverno e infertilidade na terra. Os outros deuses então pressionaram Hades para devolver Perséfone a sua mãe. Mas antes disso, Hades fez com que Perséfone comesse uma maçã - e essa maçã representava um selo: Perséfone deveria voltar regularmente, entre um período e outro, para o mundo de Hades. Daí a origem das estações - a cada vez que Perséfone vem para a superfície da Terra ou vai para o mundo de Hades, Deméter se entristece ou se alegra, gerando mudanças nas estações.