Leia o texto a seguir:
O apanhador de desperdícios
Uso as palavras para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras fatigadas de informar.
Dou mais respeito
Às que vivem de barriga no chão
Tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas.
Dou respeito às desimportantes
E aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
Das tartarugas mais do que mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
Para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
Como as boas moscas.
Queria que a mina voz tivesse um formato
De canto.
Porque eu não sou da informática:
Eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.
(Manoel de Barros)
É próprio da poesia de Manoel de Barros valorizar seres e coisas considerados, em geral, de menor importância no
mundo moderno. No poema essa valorização é expressa por meio da linguagem:
a) Denotativa, pra evidenciar a oposição entre elementos da natureza e da modernidade.
b) Rebuscada de neologismos que depreciam elementos próprios do mundo moderno.
c) Hiperbólica, para elevar o mundo dos seres insignificantes.
d) Simples, porém expressiva no uso de metáforas para definir o fazer poético do eu lírico poeta.
e) Referencial, para criticar o instrumentalismo técnico e o pragmatismo da era da informação.
Respostas
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d) Simples, porém expressiva no uso de metáforas para definir o fazer poético do eu lírico poeta. Pois ele utiliza o texto todo de exemplos.
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