• Matéria: Português
  • Autor: jhulysma
  • Perguntado 8 anos atrás

o poema de pablo neruda, em quase todos os versos, aproxima realidades opostas, como amar/ não amar, palavra/silêncio, fogo/frio.a) o que essas oposições revelam em relação aos sentimentos do eu lírico?b) o último verso, entretanto, em vez de apresentar dois elementos em oposição, apresenta dois elementos de valor equivalente: "e por isso te amo quando te amo". Como você interpreta esse verso?

Respostas

respondido por: flowersas
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Não sou formada em letras, nem nada, mas curto bastante o autor. rs Essa é uma interpretação mais subjetiva, minha mesmo e pode facilmente estar errada

“Não te quero senão porque te quero, (ou seja, o eu lírico não tem ~motivos extras~ para querer o objeto da sua paixão. O fato de querer já basta.)
e de querer-te a não te querer chego, (sabe aquela pessoa que você quer tanto que chega a não querer de tanto que, de fato, quer? haha. É esse o sentido. É um querer tão grande que, por si só, se transforma em não querer)
e de esperar-te quando não te espero, (sabe quando tá chegando o seu aniversário e você tenta se convencer que ninguém vai lembrar mas, no fundo do seu coração, espera que algumas pessoas lembrem? haha. Enfim, eu entendo essa parte como aquela tentativa, em vão, de manter as expectativas baixas)
passa o meu coração do frio ao fogo. (aquecer o coração, fazer batê-lo mais forte através da emoção...)
Quero-te só porque a ti te quero, (um dos fatos desse querer ser tão forte é porque, em comparação as outras pessoa, ele é único, ele é um sentimento muito mais forte do eu lírico em relação a pessoa para quem dedica o poema do que para o "resto do mundo")
Odeio-te sem fim e odiando te rogo, (esse querer é convertido para ódio de forma topográfica. E através desse ódio ele roga, ou seja, pede com insistência e humildade, ao mesmo tempo a esse objeto de desejo dele, como se existisse uma relação hierárquica, de acordo com o sujeito, entre eles, considerando que você sempre roga para alguém ou alguma entidade superior a você)
e a medida do meu amor viajante, é não te ver e amar-te como um cego. (e aí surge um dos motivos pelo qual esse amor não pode acontecer. Ele está distante do objeto de seu amor e esse fato, essa distância, não faz o sentimento diminuir, o que gera esse conflito que faz a poesia nascer)
Tal vez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,
nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor,
a sangue e fogo.” (Pablo Neruda)

Enfim, é uma história de amor não possível (pelo menos um recorte dela), marcado pela distância que "gera" esses conflitos (que se dá no texto através das antíteses) ao eu lírico. O objeto do seu amor, de acordo com a visão subjetiva dele, não se mostra recíproco a intensidade desses sentimentos e o eu lírico não espera muita coisa disso. O poema seria mais o desabafo dele, endereçado a essa pessoa, sobre esse sentimento.
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