Leia o texto a seguir para responder à questão:
MEDO E VERGONHA
O medo é um evento poderoso que toma o nosso corpo, nos põe em xeque, paralisa alguns e atiça a criatividade de outros. Uma pessoa em estado de pavor é dona de uma energia extra capaz de feitos incríveis.
Um amigo nosso, quando era adolescente, aproveitou a viagem dos pais da namorada para ficar na casa dela. Os pais voltaram mais cedo e, pego em flagrante, nosso Romeu teve a brilhante ideia de pular, pelado, do segundo andar. Está vivo. Tem hoje essa incrível história pra contar, mas deve se lembrar muito bem da vergonha. Me lembrei dessa história por conta de outra completamente diferente, mas na qual também vi meu medo me deixar em maus lençóis.
Estava caminhando pelo bairro quando resolvi explorar umas ruas mais desertas. De repente, vejo um menino encostado num muro. Parecia um menino de rua, tinha seus 15, 16 anos e, quando me viu, fixou o olhar e apertou o passo na minha direção. Não pestanejei. Saí correndo. Correndo mesmo, na mais alta performance de minhas pernas.
No meio da corrida, comecei a pensar se ele iria mesmo me assaltar. Uma onda de vergonha foi me invadindo. O rapaz estava me vendo correr. E se eu tivesse me enganado? E se ele não fosse fazer nada? Mesmo que fosse. Ter sido flagrada no meu medo e preconceito daquela forma já me deixava numa desvantagem fulminante.
Não sou uma pessoa medrosa por excelência, mas, naquele dia, o olhar, o gesto, alguma coisa
no rapaz acionou imediatamente o motor de minhas pernas e, quando me dei conta, já estava em disparada.
Fui chegando ofegante a uma esquina, os motoristas de um ponto de táxi me perguntaram o que tinha acontecido e eu, um tanto constrangida, disse que tinha ficado com medo. Me contaram que ele vivia por ali, tomando conta dos carros. Fervi de vergonha.
O menino passou do outro lado da rua e, percebendo que eu olhava, imitou minha corridinha, fazendo um gesto de desprezo. Tive vontade de sentar na guia e chorar. Ele só tinha me olhado, e o resto tinha sido produto legítimo do meu preconceito.
Fui atrás dele. Não consegui carregar tamanha bigorna pra casa. “Ei!” Ele demorou a virar. Se eu pensava que ele assaltava, ele também não podia imaginar que eu pedisse desculpas. Insisti: “Desculpa!” Ele virou. Seu olhar agora não era mais de ladrão, e sim de professor. Me perdoou com um sinal de positivo ainda cheio de desprezo. Fui pra casa pelada, igual ao Romeu suicida.
O texto de Denise Fraga utiliza uma linguagem mais próxima à coloquialidade e à oralidade. Uma das marcas de informalidade presentes no texto é o uso de
O texto de Denise Fraga utiliza uma linguagem mais próxima à coloquialidade e à oralidade. Uma das marcas de informalidade presentes no texto é o uso de
Escolha uma:
a. conector indicativo de condição em Se eu pensava que ele assaltava.
b. primeira pessoa do singular em Estava caminhando pelo bairro.
c. adjetivo em Romeu teve a brilhante ideia de pular.
d. próclise em Me lembrei dessa história.
e. conjunção adversativa em mas na qual também vi meu medo me deixar em maus lençóis.
Respostas
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106
a resposta correta é a letra D - "próclise em Me lembrei dessa história."
respondido por:
10
Letra d.
A próclise pode ser identificada diante de um determinado contexto quando nota-se a colocação do pronome antes do verbo. Sendo assim, é correto afirmar que a assertiva d está corretamente colocada diante do texto acima.
É importante lembrarmos que há ainda mais duas colocações, sendo: ênclise a colocação na qual o pronome está depois do verbo, e por fim, a mesóclise, onde o pronome no meio do verbo.
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