Respostas
No início do século XIX,
quando ocorreu o choque entre a Revolução Industrial inglesa e a Revolução
Francesa, o império colonial espanhol na América estava dividido, em termos
administrativos, em quatro vice-reinados e quatro capitanias gerais.
"A administração colonial: vice-reinados e
capitanias gerais. Os entraves do monopólio comercial".
Os vice-reinados existentes eram Nova Espanha (
México e parte do território atualmente pertencente aos Estados Unidos), Nova
Granada ( Colômbia e Equador), Peru e Prata ( Argentina, Uruguai, Bolívia e
Paraguai). As capitanias gerais eram Cuba, Guatemala, Venezuela e Chile. Os
cargos de vice-rei e capitão-geral eram exercidos por representantes da Coroa
vidos diretamente da Espanha, como o eram igualmente todos os altos postos da
administração colonial. Desta forma, o aparelho político-administrativo
colonial era dominado e monopolizado por espanhóis natos.
A economia colonial baseava-se na exportação de
matérias-primas e, portanto, era dependente do mercado externo monopolizado
pela metrópole através do pacto colonial. A mineração baseava-se na extração de
ouro e prata e estava concentrada no México e na Bolívia. A agricultura
tropical desenvolveu-se na América Central e nas Antilhas, com base no sistema de
"plantation", ou seja, grandes propriedades monoculturas, trabalhadas
por escravos. A pecuária concentrava-se principalmente no México e no
vice-reinado do Prata. O comércio era praticado nas grandes cidades portuárias,
como Buenos Aires, Valparaíso, Cartagena e Vera Cruz.
A Espanha exercia o monopólio comercial entre suas
colônias e a Europa, o que afetava os interesses econômicos da elite colonial,
obrigada a vender, a baixos preços, seus produtos à metrópole e dela comprar, a
altos preços, as manufaturas importadas. O mesmo acontecia com os comerciantes
e industriais ingleses, forçados a aceitar a intermediação da Espanha e
impedidos de vender diretamente as suas mercadorias à América.
O fim do monopólio comercial interessava, assim,
tanto à elite colonial como à burguesia inglesa, à medida que ambas aumentariam
seus lucros com a adoção do livre comércio. Esta convergência de interesses foi
um fator decisivo para a vitória do movimento de independência
hispano-americano.
"A sociedade colonial: brancos, mestiços,
índios e negros. Os conflitos entre a aristocracia ‘criolla’ e os
‘chapetones’.".
Por essa época a sociedade colonial era formada por
uma população de dez milhões de habitantes, divididos em diversas classes
sociais. Os brancos constituíam cerca de três milhões e trezentos mil e
classificavam-se em chapetones e criollos. Os chapetones, perto de trezentos
mil, eram os espanhóis natos que, monopolizando o poder político, dominavam os
altos cargos da administração colonial. Os criollos, cerca de três milhões,
eram descendentes de espanhóis nascidos na América e formavam a elite econômica
e intelectual da colônia, à qual pertenciam os latifundiários, comerciantes,
profissionais liberais e membros do baixo clero.
A contradição entre a estrutura econômica, dominada
elos criollos (partidários do livre comércio), e a estrutura política,
controlada pelos chapetones (defensores do monopólio metropolitano), foi também
um dos fatores importantes do processo de independência.
Os mestiços, descendentes de espanhóis e índios,
eram cerca de cinco milhões e dedicavam-se ao pequeno comércio e ao artesanato,
enquanto os índios, mais de dez milhões, constituíam a mão-de-obra explorada na
mineração e na agricultura. Os negros, perto de oitocentos mil, concentravam-se
principalmente nas Antilhas e formavam a mão-de-obra escrava utilizada nas
plantations tropicais.
Embora sendo esmagadora minoria, eram os criollos e
os chapetones que dominavam e determinavam a condução das relações econômicas e
políticas das colônias hispano-americanas e era a eles que interessava a
ligação com a metrópole ou o rompimento de laços com ela. Assim, a guerra de
independência caracterizou-se por ser uma luta entre os criollos, apoiados pela
Inglaterra, e os chapetones, apoiados pela Espanha, pelo domínio do aparelho
político-administrativo.