Quem seria o jovem Frank no poema
Às vezes eu me pergunto
que diabo de papel
estou fazendo aqui.
Não pedi para nascer,
não escolhi o meu nome,
e tenho um corpo montado
com pedaços de avós, fatias de pai
e amostras de mãe.
Nas reuniões de família
o esporte predileto
é dissecar Frankenstein:
"Os olhos são do Arruda..."
"Os pés lembram os Botelho..."
"Tem as mãos do velho Braga!"
"...e o nariz é dos Fonseca!".
Certamente o resultado
de um tal esquartejamento
não pode ser coisa boa,
pois tantos retalhos colados
não inteiram uma pessoa.
Sendo assim... Eu não sou eu.
Sou outra coisa qualquer:
um personagem perfeito
para um filme de terror,
um androide, um mutante,
um bicho extraterrestre,
um berro de puro pavor!
Graças a Deus meu espelho
não é daqueles que falam...
Diante dele com cuidado,
posso até reconhecer,
este resto que é só meu
e sorrir aliviado.
Cheio de cravos e espinhas,
pode não ser um modelo
de perfeição ou beleza,
mas com certeza é alguém,
e esse alguém... Sou eu, sou eu!
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Ele é uma pessoa comum, de carne e osso, com sentimentos e dúvidas sobre esse mundo
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