Sermão da Sexagésima
É possível que somos portugueses, e havemos de ouvir um pregador em português e não havemos de entender o que diz? Assim como há Lexicon(1) para o grego e Calepino(2) para o latim, assim é necessário haver um vocabulário do púlpito. Eu ao menos o tomara para os nomes próprios, porque os cultos têm batizado os santos, e cada autor que alegam é um enigma. Assim o disse o Cetro Penitente, assim o disse o Evangelista Apeles, assim o disse o Águia de África, o Favo de Claraval, a Púrpura de Belém, a Boca de Oiro. Há tal modo de alegar! O Cetro Penitente dizem que é David, como se todos os cetros não fossem penitência; o Evangelista Apeles, que é São Lucas; o Favo de Claraval, São Bernardo; e Águia de África, Santo Agostinho; a Púrpura de Belém, São Jerônimo; a Boca de Oiro, São Crisóstomo.
Notas
(1) Lexicon: dicionário grego.
(2) Calepino: dicionário latino.
VIEIRA, A. Sermões. São Paulo: Editora Cultrix, 1987.
O texto acima apresenta uma crítica a um procedimento muito comum no Barroco e que consiste
a) na prática de intertextualidade.
b) na valorização do universo bíblico.
c) na referência a figuras conhecidas.
d) no uso do argumento da autoridade.
e) no emprego de linguagem rebuscada.
Respostas
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17
c) na referência a figuras conhecidas
thaiiszz:
LETRA E NO EMPREGO DA LINGUAGEM REBBUCADA
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