• Matéria: Português
  • Autor: julianospenalva
  • Perguntado 8 anos atrás

Leia o texto a seguir.

O trabalho era duro. De picareta na mão, cavando terra, no serviço puxado com os companheiros acostumados fazendo as coisas na maciota, conversando uns com os outros. Parecia o eito do Santa Rosa. O feitor estava tomando conta, os cabras de pés no chão, e a terra na frente, a tarefa dura para tirar. Criou calos nas mãos. E o sol queimava-lhe as costas, um sol como o da ilha. Os primeiros dias foram difíceis, mas aos poucos foi se acostumando. Os homens falavam da vida de cada um. E riam-se alto das troças, das pilhérias que tiravam. Botavam apelidos, falavam de mulheres, de episódios, de amores, de desgraça dos outros. A vida para eles era as noites que eles tinham para gozar e os domingos e os dias santos em que se espichavam pelas portas dos mocambos quando não se davam às mulheres, à cachaça, aos folguedos dos ensaios para os grandes dias do carnaval. Ricardo levou dias sem fazer conhecimento que fosse mais ligado.

Chegava para o serviço e saía para casa como entrara a primeira vez. Terminou, porém, entrando na conversa dos companheiros, embora pouco tivesse para contar. Pouco sabia para fazer os outros abrir em gargalhada enquanto a picareta tinia na terra dura. Estavam construindo o leito da linha para os bondes que vinham substituir as maxambombas*, os trens que davam àqueles caminhos de Beberibe um sinal de vida mais humana, com os seus apitos saudosos e aquele ir e vir de comboios compridos, com horas certas, com passageiros que tiravam prosas, que se familiarizavam.

Viriam os bondes amarelos, parando de poste em poste. A Encruzilhada já se despojara de seus trens. E agora chegava a vez de Beberibe. Com pouco as maxambombas* ficariam lá para as oficinas encostadas. Muitas seriam vendidas para as usinas. Iriam apitar pelos canaviais, pelas ingazeiras, pelas cajazeiras, arrastando cana para as esteiras.

REGO, J. L. do. O moleque Ricardo. Rio de Janeiro: INL/MEC, 1980. p. 28-29 (fins pedagógicos – adaptado).

*Maxambombas: vagão ferroviário com mais de um pavimento.

Com base no texto e no que foi estudado a respeito da literatura brasileira, analise as afirmativas a seguir e assinale cada uma com V (verdadeira) ou F (falsa).



( ) O texto é construído pelo foco narrativo de primeira pessoa, em que uma personagem revela seus pensamentos, suas lembranças, seus sentimentos e suas sensações.

( ) As informações do texto comprovam que a literatura neorrealista produzida pelo romance regionalista reflete a realidade da sua época, constituindo também uma forma de documento que registra os costumes e os contextos social e econômico do período que focaliza.

( ) A obra de José Lins do Rego abrange a decadência da economia dos engenhos de cana-de-açúcar, o cangaço, o misticismo, a exploração do trabalhador rural e a seca, configurando uma prosa regionalista nitidamente pertencente ao que se costuma chamar de romance social nordestino, cujo marco inaugural é A bagaceira, de José Américo de Almeida.

( ) Em O moleque Ricardo, a enumeração de ações exemplifica o recurso literário do fluxo de consciência, muito característico da prosa realista.



A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é

Escolha uma:
a. F – V – V – F.
b. V – F – V – F.
c. V – F – V – V.
d. V – V – V – V.
e. F – V – F – F.

Respostas

respondido por: myllenagomees
21
F - v - v- f issooooo ai kk

julianospenalva: tem certeza
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