• Matéria: Português
  • Autor: alinelizskt
  • Perguntado 9 anos atrás

ME AJUDA? TRABALHO!
13 DE MAIO Hoje amanheceu chovendo. É um dia simpático para mim. É o dia da Abolição. Dia que comemoramos a libertação dos escravos.
… Nas prisões os negros eram os bodes espiatórios. Mas os brancos agora são mais cultos. E não nos trata com desprezo. Que Deus ilumine os brancos para que os pretos sejam feliz.
Continua chovendo. E tenho só feijão e sal. A chuva está forte. Mesmo assim, mandei os meninos para a escola. Estou escrevendo até passar a chuva, para eu ir lá no senhor Manuel vender os ferros. Com o dinheiro dos ferros vou comprar arroz e linguiça. A chuva passou um pouco. Vou sair.
… Eu tenho tanto dó dos meus filhos. Quando eles vê as coisas de comer eles brada:
– Viva a mamãe!
A manifestação agrada-me. Mas eu já perdi o hábito de sorrir. Dez minutos depois eles querem mais comida. Eu mandei o João pedir um pouquinho de gordura a Dona Ida. Ela não tinha. Mandei-lhe um bilhete assim:
– “Dona Ida peço-te se pode me arranjar um pouco de gordura, para eu fazer uma sopa para os meninos. Hoje choveu e eu não pude ir catar papel. Agradeço. Carolina.”
… Choveu, esfriou. É o inverno que chega. E no inverno a gente come mais. A Vera começou pedir comida. E eu não tinha. Era a reprise do espetáculo. Eu estava com dois cruzeiros. Pretendia comprar um pouco de farinha para fazer um virado. Fui pedir um pouco de banha a Dona Alice. Ela deu-me a banha e arroz. Era 9 horas da noite quando comemos.
E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual – a fome!
15 de maio Tem noite que eles improvisam uma batucada e não deixa ninguém dormir. Os vizinhos de alvenaria já tentaram com abaixo assinado retirar os favelados. Mas não conseguiram. Os vizinhos das casas de tijolos diz:
– Os políticos protegem os favelados.
Quem nos protege é o povo e os Vicentinos. Os políticos só aparecem aqui nas épocas eleitoraes. O senhor Cantidio Sampaio quando era vereador em 1953 passava os domingos aqui na favela. Ele era tão agradável. Tomava nosso café, bebia nas nossas xícaras. Ele nos dirigia as suas frases de viludo. Brincava com nossas crianças. Deixou boas impressões por aqui e quando candidatou-se a deputado venceu. Mas na Camara dos Deputados não criou um projeto para beneficiar o favelado. Não nos visitou mais.
... Eu classifico São Paulo assim: O Palacio, é a sala de visita. A Prefeitura é a sala de jantar e a cidade é o jardim. E a favela é o quintal onde jogam os lixos.
... A noite está tepida. O céu já está salpicado de estrelas. Eu que sou exótica gostaria de recortar um pedaço do céu para fazer um vestido. Começo ouvir uns brados. Saio para a rua. É o Ramiro que quer dar no senhor Binidito. Mal entendido. Caiu uma ripa no fio da luz e apagou a luz da casa do Ramiro. Por isso o Ramiro queria bater no senhor Binidito. Porque o Ramiro é forte e o senhor Binidito é fraco.
O Ramiro ficou zangado porque eu fui a favor do senhor Binidito. Tentei concertar os fios. Enquanto eu tentava concertar o fio o Ramiro queria espancar o Binidito que estava alcoolizado e não podia parar de pé. Estava inconsciente. Eu não posso descrever o efeito do álcool porque não bebo. Já bebi uma vez, em caráter experimental, mas o álcool não me tonteia.
Enquanto eu pretendia concertar a luz o Ramiro dizia:
– Liga a luz, liga a luz sinão eu te quebro a cara.
O fio não dava para ligar a luz. Precisava emendá-lo. Sou leiga na eletricidade. Mandei chamar o senhor Alfredo, que é o atual encarregado da luz. Ele estava nervoso. Olhava o senhor Binidito com desprezo. A Juana que é esposa do Binidito deu cinquenta cruzeiros para o senhor Alfredo. Ele pegou o dinheiro. Não sorriu. Mas ficou alegre. Percebi pela sua fisionomia. Enfim o dinheiro dissipou o nervosismo.

1 - A fome percorre o diário todo, como se esta fosse uma personagem. No trecho lido, como ela aparece?

2 - O título da obra parece ser mais do que uma síntese da favela. Que sentido(s) você conseguiu perceber nele?

3- Releia a observação feita pelos editores da obra de Carolina Maria de Jesus, que escrevia à mão, em cadernos.

a) Identifique palavras ou expressões que contraria a ortografia oficial e trechos que apresentam problema de concordância.

b) Por que foi respeitada a linguagem de Carolina Maria de Jesus?

Respostas

respondido por: Liziamarcia
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1-) a FOME no texto De várias forma . •Quando tem " comida "ela aparece com " alegria "- "quando tem comida eles bradam : - Viva a mamãe!---•fome como dor ,quando não tem o que comer. •a fome era uma escravidão =" ....,eu lutava contra a escravatura atual ---aFome"-/-/-/2-) o título sugere liberdade dos escravos ,dos desprezados ,pobres ,presos ,brancos que moram nas favelas .-/-/3-A) ela escreveu errado em várias partes: -nos trata/ sejam feliz /eles brada /peco-te/ela deu-me/binidito/ concertar / são erros de concordância verbal ; pronominal ; não usa o plural etc -/-/3-B) 0s editores mantiveram " os erros " para mostrar a linguagem informal ,seu modo de escrever ,quando ela conta suas memórias ,ela torna o sujeito de si mesma ,colocando verdadeiramente seus medos angústias e miserias . Se ela fosse escrever preocupada com a norma culta não seria um depoimento real .

Liziamarcia: OBRIGADA PELA MELHOR RESPOSTA !
alinelizskt: me ajuda
alinelizskt: http://brainly.com.br/tarefa/7429132
Liziamarcia: Não estou online , estou só no celular , por isso não te respondi , sem internet forte ,
alinelizskt: ok :/
Liziamarcia: se voltar a internet mais tarde ! , eu olho sua questão !
Liziamarcia: sinto muito querida !
alinelizskt: ok
alinelizskt: <3
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