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Ficou conhecida como Primeira crise do petróleo uma crise econômica e comercial de proporções mundiais desencadeada pelos maiores países produtores de petróleo, em geral, localizados no Oriente Médio.
A partir da segunda metade do século XIX, este material, até então, sem um uso importante em qualquer setor da economia desponta como importante produto de consumo, tornando-se a principal fonte de energia no mundo, em especial depois da invenção do motor a combustão, que requeria um produto exatamente com as características do óleo negro. Além do uso conhecido como combustível de automóveis, o petróleo é utilizado em centenas de outros produtos, fazendo deste "óleo de pedra" uma peça capital na composição da economia mundial, dando ainda um poder imenso a quem tivesse a posse de fontes de tal produto. Tal fato se reveste de mais importância ao levar-se em conta ainda que tal elemento não é renovável, isto é, as fontes de petróleo logo se esgotam, não se podendo obter mais do produto daquela determinada fonte. Somente após a Segunda Guerra Mundial os principais produtores de petróleo iriam se aperceber do poder que tinham em mãos, e as perspectivas de barganha que a posse de tal riqueza proporcionava.
É sob tal ótica que se instala, em 1960, a OPEP, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo, criação de Arábia Saudita, Kuwait, Irã, Iraque e Venezuela, com a finalidade de defender os seus interesses como produtores de tão rica matéria-prima. Finalmente, numa reunião da OPEP, em outubro de 1973, os países membros, detentores praticamente de toda a produção mundial, resolveram, de repente, aumentar o preço de modo significativo, bem como estabelecer uma diminuição na produção. Entre os motivos que causaram tal decisão estão a composição da base da economia dos países da OPEP, o preço extremamente baixo do barril, o consumo em aumento constante em todo o mundo, e a grande dependência dos países não-produtores, que preferiam importar a explorar possíveis jazidas em seus territórios.
Além destas alegações de natureza logística, a decisão de aumentar o preço do petróleo de maneira repentina escondia um motivo político: o rearmamento de Israel pelos Estados Unidos durante aGuerra do Yom Kippur. Israel fora atacado por uma coalizão de países árabes, liderados por Egito e Síria, mas conseguiu repelir a ofensiva com o apoio dos EUA. Enfim, tratava-se de mais um episódio na longa disputa entre israelenses e árabes pelos territórios ocupados pelos judeus. Cansados do constante apoio dos norte-americanos aos israelenses, os países produtores de petróleo enfim compreendiam o poder político que tinham em mãos, e como forma de pressão para um equilíbrio maior na política das potências em relação ao Oriente Médio, resolveu-se pela primeira vez usar o petróleo como instrumento de pressão política.
Os estragos foram enormes, causando falta do produto em muitos postos em várias partes do mundo. O racionamento virou palavra de ordem, e em países periféricos como o Brasil, o estrago foi imenso, pois sua balança comercial ficou em enorme desequilíbrio, iniciando um ciclo de hiperinflação que duraria quase 20 anos.