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Diferente dos artistas do nosso modernismo, Brecheret é de origem humilde. Imi-grante italiano, órfão de mãe, vem a São Paulo com seus tios maternos. Trabalha em uma loja de calçados durante o dia e, à noite, faz cursos no Liceu de Artes e Ofícios. Com economias, em 1913 seus tios o mandam para Roma, mas dada a sua falta de formação, não é aceito na Academia de Belas Artes. Entretanto, é recebido como discípulo de Arturo Dazzi, o mais famoso escultor italiano do momento, aprendendo com este as técnicas da modelagem, além de conhecimento de anatomia.
Nesta época, recebe grande influência do escultor sérvio Ivan Mestrovic quanto à expressividade, tensão, alongamento e torsões das figuras. De 1916 a 1919 participa com destaque em mostras coletivas em Roma.
Em 20 retorna a São Paulo e é descoberto pelos jovens modernistas que extasiados diante de suas esculturas, o convertem em elemento polarizador do grupo. De fato, o artista e sua obra inspiram personagens de romances de Oswald de Andrade e Menotti Del Picchia. Ainda traduz para escultura os poemas de Guilherme de Almeida e Menotti. A sua escultura 'Cristo de Trancinhas', adquirida por Mario de Andrade, é o elemento desencadeador dos seus primeiros versos modernistas de Paulicéia Desvairada. Celebrado como um gênio e influenciado pelo espírito nativista do grupo, realiza a primeira maquete do 'Monumento as Bandeiras'.
Em 1921, com uma bolsa de estudos de cinco anos, vai a Paris. Esta estadia se estende por quase quinze anos, com vindas esporádicas ao Brasil para expor seus trabalhos. Em Paris participa de vários salões, convivendo intensamente com artistas como Fernand Léger, Picasso, Archipenko, além de brasileiros como Anita, Tarsila do Amaral, Vicente do Rego Monteiro e Antônio Gomide - seu vizinho de ateliê. Como a maioria dos artistas da Escola de Paris, Brecheret está sensível à emergência do Art Déco que marcou a visualidade a partir de 1925 - com a Expo-sição Internacional das Artes Decorativas e Industriais Modernas. Alinhado a esta arte de vanguarda, modifica sua escultura, adotando formas geometrizadas, lisas e luminosas, sendo bastante elogiado pela crítica. Torna-se um importante artista da Escola de Paris, tendo recebido o título de cavaleiro da legião de honra, e sua obra, 'Grupo', de 1932, é adquirida pelo Museu Jeu de Paume - obra que irá desaparecer durante a Segunda Guerrra.