• Matéria: Filosofia
  • Autor: uhm
  • Perguntado 8 anos atrás

o que e a " dúvida metódica" de descartes? cite uma experiência em que os sentidos se mostraram duvidosos a você

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respondido por: JosCristina
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 A dúvida metódica tornou-se uma referencia importantíssima e um clássico da filosofia moderna. Trata-se de um exercício da dúvida em relação a tudo o que ele, Descartes, conhecia ou pensava até então ser verdadeiro. A dúvida cartesiana é dita “metódica” porque vai se ampliando passo a passo, de maneira ordenada e lógica, partindo de ideias mais simples e concretas até chegar às mais gerais e abstratas; e “radical e hiperbólica” porque vai atingindo tudo e chega a um ponto extremo em que não é possível ter certeza de nada, nem de que o mundo existe. 
Descartes propôs não acolher nenhum juízo como verdadeiro se não se apresentasse evidentemente como tal. Trata-se do critério da evidência, isto é, da clareza e distinção.

Exemplo: Para Descartes existem 3 etapas de dúvidas. A dúvida sensível, a dúvida do sonho e a dúvida metafísica. A sensível é aquela que nos leva a desconfiar dos sentidos e de tudo aquilo que aprendemos através dos sentidos. Nossos olhos nos mostram que o Sol é pequeno, mas sabemos que suas dimensões são muito superiores às da Terra. A concentração de ácido lático na musculatura nos faz perder a sensibilidade da perna, apesar de nossas mãos poderem tocá-la e percebermos que ela continua unida ao nosso tronco. Como os sentidos podem nos enganar uma única vez, então seu conteúdo não é um alicerce seguro para o conhecimento.

A dúvida do sonho é aquela que nos mostra que não podemos ter certeza de estarmos acordados ou sonhando nesse momento. Muitas vezes sonhamos realizar diversas atividades mesmo em estado de repouso. O computador que agora utilizo e a escrivaninha em que me vejo sentado no instante que escrevo podem ser frutos de um sonho. Por isso, tenho de desconfiar mesmo daquelas certezas mais banais e ordinárias.

Já a dúvida metafísica pode nos levar a duvidar da própria matemática. Por meio de um experimento mental, imaginemos a figura de um Deus enganador, que nos faz acreditar que todas as operações matemáticas, apesar de serem sempre constantes, regulares e invariáveis, não são verdadeiras, ou seja, imaginemos que esse Deus nos leva a acreditar que todas as demonstrações matemáticas são verdadeiras, apesar de serem falsas. O experimento mental da figura do Deus enganador nos mostra que até a matemática, único resíduo de certeza que mantínhamos em nossa mente, não é um conhecimento seguro.
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