• Matéria: Português
  • Autor: yprates1231
  • Perguntado 8 anos atrás

PAUSA

Quando pouso os óculos sobre a mesa para uma pausa na leitura de coisas feitas, ou na leitura de minhas próprias coisas, surpreendo-me a indagar com que se parecem os óculos sobre a mesa.
Com algum inseto de grandes olhos e negras e longas pernas ou antenas?
Com algum ciclista tombado?
Não, nada disso me contenta ainda. Com que se parecem mesmo?
E sinto que, enquanto eu não puder captar a sua implícita imagem-poema, a inquietação perdurará.
E enquanto o meu Sancho Pança, cheio de si e de senso-comum, declara ao meu Dom Quixote que uns óculos sobre a mesa, além de parecerem apenas uns óculos sobre a mesa, são, de fato, um par de óculos sobre a mesa, fico a pensar qual dos dois – Don Quixote ou Sancho? – vive uma vida mais intensa, portanto, mais verdadeira...
E paira no ar o eterno mistério dessa necessidade de recriação das coisas em imagens, para terem mais vida, e da vida em poesia, para ser mais vivida.
Esse enigma, eu o passo a ti, pobre leitor.
E agora?
Por enquanto, ante a atual insolubilidade da coisa, só me resta citar o terrível dilema de Stechetti:
“lo sonno um poeta o sonno um imbecille?”
Alternativa, aliás, extensiva ao leitor da poesia...
A verdade é que a minha atroz função não é resolver e sim propor enigmas, fazer o leitor pensar e não pensar por ele.
E daí?
- Mas o melhor – pondera-me, com a sua voz pausada, o meu Sancho Pança – o melhor é repor os óculos no nariz.
b) segundo o autor por que existe em nos a necessidade de recriar as coisa é a vida em imagens?

Respostas

respondido por: anycarcarvalho17
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Mili125: obrigado !
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