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O mistério sobre os motivos do Maio de 1968 é contemporâneo ao fato. Aqui no Brasil, numa crônica daquele mês, o escritor Nelson Rodrigues conta que percebeu a falta de motivo da revolta durante um jogo de futebol:
No intervalo de Fluminense x Madureira, um “pó de arroz”, muito aflito, veio me perguntar: – “Afinal, por que é que estão brigando na França? O que é que os estudantes querem?”. O torcedor me olha e me ouve como se eu fosse a própria Bíblia. Começo: – “Bem”. Faço um suspense insuportável. Fecho os olhos e pergunto, de mim para mim: – “O que é que os estudantes querem?”. Era perfeitamente possível que eles não quisessem nada. Por sorte minha, o jogo ia começar. Enxoto o torcedor fraternalmente: – “Vamos assistir ao jogo!”.Depois da vitória, fui para casa, na carona do Marcelo Soares de Moura (para mim, uma das poucas coisas boas do Brasil é a carona do Marcelo Soares de Moura). Quando passamos pelo Aterro, só uma coisa me fascinava, ou seja: – a hipótese de que os estudantes franceses estejam lutando por nada. Vejam bem. Hordas estudantis fazendo uma Revolução Francesa por coisa nenhuma (Nelson Rodrigues, “O destino de ser traída”, O Óbvio Ululante, Companhia das Letras, 1993
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