• Matéria: Português
  • Autor: daniel9moraes
  • Perguntado 8 anos atrás

análise de um poema de Gonçalves dias


kerolinearaujo: Olá! Qual é o poema?
kerolinearaujo: Qualquer um?
daniel9moraes: sim

Respostas

respondido por: kerolinearaujo
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SEUS OLHOS

(Gonçalves Dias)


Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
De vivo luzir,
Estrelas incertas, que as águas dormentes
Do mar vão ferir;

Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
Têm meiga expressão,
Mais doce que a brisa, — mais doce que o nauta
De noite cantando, — mais doce que a flauta
Quebrando a solidão,

Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
De vivo luzir,
São meigos infantes, gentis, engraçados
Brincando a sorrir.

São meigos infantes, brincando, saltando
Em jogo infantil,
Inquietos, travessos; — causando tormento,
Com beijos nos pagam a dor de um momento,
Com modo gentil.

Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
Assim é que são;
Às vezes luzindo, serenos, tranquilos,
Às vezes vulcão!

Às vezes, oh! sim, derramam tão fraco,
Tão frouxo brilhar,
Que a mim me parece que o ar lhes falece,
E os olhos tão meigos, que o pranto humedece
Me fazem chorar.

Assim lindo infante, que dorme tranquilo,
Desperta a chorar;
E mudo e sisudo, cismando mil coisas,
Não pensa — a pensar.

Nas almas tão puras da virgem, do infante,
Às vezes do céu
Cai doce harmonia duma Harpa celeste,
Um vago desejo; e a mente se veste
De pranto co'um véu.

Quer sejam saudades, quer sejam desejos
Da pátria melhor;
Eu amo seus olhos que choram em causa
Um pranto sem dor.

Eu amo seus olhos tão negros, tão puros,
De vivo fulgor;
Seus olhos que exprimem tão doce harmonia,
Que falam de amores com tanta poesia,
Com tanto pudor.

Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
Assim é que são;
Eu amo esses olhos que falam de amores
Com tanta paixão.


ANÁLISE

Percebemos que os olhos da amada, assunto central do poema, transparecem cada um dos seus sentimentos.

O poema expressa o amor do eu-lírico pela amada, que a compara com uma estrela, elemento da natureza e recurso muito utilizado no Romantismo, e da metonímia quando fala dos olhos para caracterizar a mulher.

O fato do amor ser impossível entristece o eu-lírico e o faz chorar (estrofe 6), mas cismado, sente que pode ter esperanças e ser correspondido (estrofe 7 e 8).

Na estrofe final (14), há a declaração de amor definitiva, quando diz: "Eu amo esse olhos que falam de amores com tanta paixão".

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