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No Dia do Folclore, comemorado hoje (22), a cultura popular brasileira se reinventa com grupos e artistas se apropriando das redes sociais e da tecnologia da informação, de modo a permancerem atuais, de acordo com o presidente da Comissão Nacional do Folclore, Severino Vicente. A entidade foi criada no fim da década de 1940, com orientação da Unesco, para divulgar a cultura do bem e salvaguardar o patrimônio cultural num mundo pós-guerra.
Segundo Vicente, a cultura popular nacional está passando por redefinições que tendem a acompanhar as transformações do contexto sociocultural brasileiro. “A tecnologia da informação é um dos instrumentos mais importante para se trabalhar o folclore e a cultura popular. É de fundamental importância. Está ajudando e vai ajudar muito mais a salvaguarda do patrimônio cultural brasileiro.”
Pesquisador de cultura popular e afro-brasileira, Nelson Inocêncio, professor do Departamento de Artes da Universidade de Brasília, destaca a boa relação entre a tradição e o novo. Ele acrescenta que a cultura popular não está parada no tempo nem presa à práticas e tradições do passado.
Tecnologia
“As ferramentas tecnológicas devem existir também para contribuir com o conhecimento de toda atividade cultural e artística. Então, vejo com muitos bons olhos. Em sala de aula, já mostrei para os alunos que essas possibilidades existem. Trouxe um vídeo que era um cordel transformado em desenho animado. Uma coisa não está lá e outra cá. Você pode estabelecer convergência entre o que há de tradição na cultura popular e o novo, essa tecnologia que pode nos servir.”
Mas nem todos encontraram o caminho das teclas. Apesar de manter um perfil no Facebook, o mestre da Folia de Reis Sagrada Família da Mangueira, Hevalcy Sylva, afirma que, por enquanto, a tecnologia não conseguiu favorecer o grupo.
“Pode ser que futuramente surja alguma coisa do gênero para a folia. A Folia de Reis Sagrada Família da Mangueira é um dos folguedos retratados no Mapa de Cultura do estado do Rio de Janeiro e reúne 120 documentários e 8 mil fotos, divididos em 3,5 mil verbetes. O levantamento abrange os 92 municípios do estado, com informações sobre as categorias Espaços Culturais, Agenda Fixa, Gente, Patrimônio Material, Patrimônio Imaterial e Destaques.
Cultura popular atualizada
Entre 26 e 31 de outubro, ocorrerá o XVII Congresso Brasileiro de Folclore, em Belo Horizonte, organizado pela Comissão Nacional. Segundo Severino Vicente, um dos focos do encontro será atualizar a Carta Nacional do Folclore, que teve a primeira versão lançada em 1951 e a segunda em 1995.
“As duas têm conteúdo muito bom, mas nós achamos que está na hora de fazer uma releitura, porque as coisas caminham tão rápidas que temos que acompanhar. A Carta do Folclore Brasileiro é o instrumento da Comissão Nacional de Folclore que não dita norma, mas orienta como se trabalhar o folclore e a cultura popular em um mundo em transformação.”
Conforme Severino, o que deve ser incluídos na carta são as matrizes culturais que não tinham sido contempladas. “As matrizes culturais alemãs, italianas, que são trabalhadas no Sul e Sudeste do país, são contempladas por uma coisa chamada de aceitação coletiva, que é um dos pontos importantes do folclore brasileiro. É aquilo que o povo viu, fez, faz, aceitou e tomou como seu. Faz parte do contexto geral do folclore e da cultura popular brasileira. A tradicionalidade, a dinamicidade, a antiguidade e a aceitação coletiva sustentam o folclore.”