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A moral provisória do Descartes é um conjunto de regras de comportamento que ele estabeleceu pra si mesmo durante sua busca pela verdade. Na prática, a moral serve pra ele não hesitar quando for agir, enquanto não tem um juízo claro de qual a maneira certa de conduzir seus atos. Ela serve pra não ficar parado diante dos assuntos práticos da vida.
Então Descartes precisa demolir a casa em que ele está (a verdade atual) pra depois construir uma nova casa (uma nova verdade). Enquanto isso, ele precisa alugar outra casa, e nesse período ele vai usar as três regras moral provisória.
1ª regra
Obedecer às leis e costumes do país, guardando a religião da infância, e agir conforme as opiniões mais moderadas dos homens mais sensatos do meio em que estamos. Evitar os extremos, porque em geral o excesso é ruim, e caso ele esteja errado, ele não se desvia tanto do caminho. Ele exemplifica dizendo que se você vai morar na China, comporte-se como um chinês. Se vai morar na França, comporte-se como um francês.
Colocando isso na historinha da casa… se ele tá morando de aluguel vai respeitar as regras e tentar ser razoável. Vai se adequar ao máximo enquanto estiver ali. Então pra não perturbar os vizinhos ele não vai ouvir Heavy Metal no último volume do som às 3 horas da manhã. Ele vai ouvir Maria Gadu no fone de ouvido. E isso já combina muito com Descartes, que fazia de tudo pra não arrumar treta, evitava falar muita coisa pra não gerar conflito, pra nada atrapalhar a tão amada tranquilidade dele.
2ª regra
Ser firme nas ações e nas opiniões que escolhemos. A analogia agora que ele mesmo deu é que se você estiver perdido no meio de uma floresta, sempre ande em linha reta e no mesmo rumo porque uma hora você chega em algum lugar. Evita andar em círculos ou ficar parado. Não existe o certo, mas existe o mais provável de dar certo.
olocando na vida prática, quando você não consegue tomar uma decisão com certeza, você escolhe a mais provável e toma como certa. Mesmo que ficar em dúvida entre várias, pegue uma delas e toma como certa, evite arrependimentos e remorsos que possam agitar o espírito. Essas regras mostram um pouco de influência do Estoicismo na filosofia cartesiana. Pros estoicos a inconstância e a irresolução eram contrárias à virtude.
3ª regra
Procurar sempre vencer a si próprio e não contar com a sorte. Mudar os próprios desejos, e não a ordem do mundo. Descartes valoriza o autocontrole racional, e desvaloriza a utopia, o idealismo. Ele acreditava que só nossos pensamentos estavam sob nosso controle. Então é preciso aceitar que nem tudo á alcançável, mas é possível mudar o próprio desejo. Ele propõe o controle das paixões, que atrapalham nossa paz interior com a busca do impossível.
Usando os exemplos dele, da mesma forma que nós não desejamos possuir um país como a China, ter o corpo feito de diamante ou ter asas de pássaro, não devemos desejar estar saudáveis quando estivermos doente ou estar livres se estivermos presos. Ele confessava que era bem difícil colocar tudo sob essa regra, mas que era um bom caminho pra felicidade.
Conclusão
Descartes avaliou as ocupações dos homens e concluiu que a melhor (para ele pelo menos) era trabalhar cultivando a razão, buscando a verdade pelo método que ele descreveu.