• Matéria: Psicologia
  • Autor: ithauanna123
  • Perguntado 8 anos atrás

de acordo com a maquiavel, explique por que a posse da virtú seria essencial para os governantes da época em que ele escreve

Respostas

respondido por: Henrikimigo
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1  A VIRTÙ

A Virtù de Maquiavel trata-se de um signo valorativo utilizado pelo autor para refletir a um conhecimento prático, técnico da realidade efetiva das coisas. O sujeito possuidor da Virtù é o que obtém êxito em obter e manter o poder. Os fundadores do principado, sujeitos com tal característica, são homens excelentes – dispostos a agir da forma mais corajosa possível no sentido de se fundar um governo. Segundo Maquiavel, a manutenção e a obtenção do poder torna-se variável, portanto, conforme seja maior ou menor a Virtù de quem o conquistou. Os homens de Virtù receberam da Fortuna não mais do que a ocasião, que lhes deu a matéria para introduzirem a forma que lhes aprouvesse, sendo que aqueles que por Virtù conquistam o poder tendem mais facilmente a conservá-lo. Os mais organizados teriam conseguido que suas constituições fossem seguras se também considerassem as armas necessárias para mantê-la. Assim, há homens que enfrentam grandes dificuldades, defrontando-se em seu caminho com perigos que foram superados. Depois de vencerem esses perigos e passarem a ser venerados, tendo aniquilado os que tinham inveja de suas qualidades, tornam-se poderosos, seguros, honrados e felizes, segundo Maquiavel.[1] (Vide Maquiavel, 2008, pp. 23-26).

Do contrário, aqueles que não possuem a Virtù na aquisição do principado esforçam-se pouco para conquistá-lo, mas muito para mantê-lo. Todas as dificuldades, a partir daí, surgem quando já conquistado o principado. Os novos príncipes, que adquirem o poder a par da Virtù, apóiam-se exclusivamente na vontade de quem lhes concedeu. Diz o autor (2008, p. 27):

Não sabem porque, a menos que sejam homens de grande engenho e Virtù, não é razoável que saibam comandar tendo sempre vivido como particulares; e não podem porque não têm forças que lhes possam ser amigas e fiéis. Além disso, os Estado que nascem subitamente – como todas as outras coisas da natureza que nascem e crescem depressa – não podem ter raízes e ramificações, de modo que sucumbem na primeira tempestade. A menos que – como já disse – aqueles que repentinamente se tornaram príncipes sejam de tanta Virtù que saiba rapidamente preparar-se para conservar aquilo que a Fortuna lhes colocou nos braços e estabeleçam depois os fundamentos que outros estabeleceram antes de se tornarem príncipe. (grifo meu)

Também, segundo Maquiavel, os governantes que possuíram os seus principados por muito tempo, não podem acusar a Fortuna por tê-lo perdido, mas a sua própria indolência (ou a falta de Virtù) por não terem, em tempos de paz, pensado que as condições estabelecidas poderiam mudar sua situação de estagnação social e econômica. Segundo Maquiavel (2008, pg. 118):

Quando chegam os tempos adversos, pensam em fugir e não em defender-se, esperando que o povo, cansado da insolência dos vencedores, os chame de volta. Este caminho, à falta de outros, é bom; porém é muito mau ter abandonado outras soluções para adotar esta, porque não deves jamais querer cair por acreditar que encontrarás alguém para te reerguer, coisa que ou não acontece ou, quando acontece, não contribui para a tua segurança, pois esta defesa é vil e não depende de ti. Certamente, as defesas só são boas, seguras e duráveis quando dependem de ti mesmo e de tua Virtù.

Observa-se, outrossim, que a Virtù não se confunde com a virtude cristã, sendo que ao príncipe não há restrições, ou não deve importar-se em incorrer na infâmia religiosa dos vícios necessários para o seu governo. O comportamento do príncipe, pelo menos nos assuntos acerca do principado, não obedece aos preceitos da moral piedosa tradicional; não compete ao governante conduzir os assuntos de governo conforme uma deontologia tradicional, mas conforme apenas à Virtù. Nas palavras do autor (2008, pgs. 73 e 74):


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