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Uma vida no escuro conta a história real de uma britânica, que escreve através do pseudônimo Anna Lindsay, que descobre, depois de adulta, que possui uma raríssima doença. Anna tem uma extrema sensibilidade à luz, qualquer contato com a luminosidade, seja do sol ou artificial, lhe causa uma dor excruciante; "como se apontasse um maçarico para o meu rosto". No começo ela sente apenas um forte desconforto e intolerância, mas com o passar dos meses a doença se manifesta de tal forma que ela precisa largar seu emprego e sua vida para se refugiar no escuro. Ela, forçada por sua condição, começa uma nova vida longe de tudo que conhecia.Geralmente evito ler livros que abordem uma temática realista a esse ponto e que contem histórias de pacientes, nunca tive a cabeça mais tranquila do mundo para lidar com esses assuntos e sei que muitas pessoas são assim também. Mas Uma vida no escuro é um livro simplesmente sensacional, diferente de tudo que eu já li e vou contar um pouquinho do por que acho esse livro uma preciosidade.Anna Lyndsey escreve com uma sensibilidade descomunal. A princípio, não fica claro qual doença ou qual problema aflige a escritora. Ela vai contando detalhes e fazendo insinuações. Deixa o leitor entender sua doença sem jogar a verdade logo de cara, como se quisesse que nós entendêssemos o que ela mesma sentiu, primeiro desconfiança e confusão, para só depois perceber do que se trata toda aquela dor. Anna nos conduz por uma viagem no tempo de sua vida anterior, como ela mesma faz questão de separar ao longo de toda a narrativa, contando em detalhes todas as implicações principalmente psicológicas que ela passou a lidar.Uma vida no escuro é um livro simples e extremamente bem escrito e pensado. O livro é dividido em duas partes principais, sendo a Parte Um um primeiro contato com sua pessoa, a doença e sua nova forma de ver e viver o mundo. É quando o medo de Anna se mostra mais aparente e intenso. A Parte Dois é um pouco mais otimista por conta de melhoras inconstantes na sua condição e é um pouco menor em comparação à primeira. Além das partes principais, vários capítulos compõem sua história. Alguns capítulos são intitulados sonhos e numerados de acordo com a ordem de ocorrência, e Anna conta algumas das histórias que se formam em sua cabeça enquanto ela dorme. Outros são memórias de sua vida anterior intercalados com capítulos que contam, de forma cronológica, sua rotina. Alguns trechos de cartas e conversas com médicos também ocupam as páginas do livro. Anna também compartilha em alguns capítulos, jogos que ela mesma criou ou adaptou para poder se entreter durante seus longos períodos de reclusão forçada, podendo ser jogados apenas por ela ou por suas ocasionais visitas.Ao longo da narrativa Anna descreve como se sentia impotente diante da falta de informação que os médicos dispunham e os poucos relatos de pessoas com a mesma condição que ela. Difícil explicar o que nem quem deveria entender sobre consegue compreender.Anna tem uma sensibilidade em notar os pequenos detalhes e transformar as nuances da vida em poesia, é uma escritora nata. O livro é simplesmente maravilhoso no sentido de dar um choque de realidade para as pequenas situações que, para nós, parecem absolutamente banais. Ao ser privada de viver sua vida como uma pessoa normal, Anna transforma as mínimas ocorrências em coisas mágicas e apaixonantes. Seu relato sobre a primeira vez que pôde se aventurar pelo seu jardim após um longo período na escuridão é de tirar o fôlego, encher os olhos de lágrimas e apertar o coração com um calor inexplicável.Uma vida no escuro é um livro essencial para todos que tem uma sensibilidade maior para com a vida. A escrita de Anna é incrível, seu modo de ver e pensar a vida é apaixonante e sua história é comovente e intrigante. Uma vida no escuro entrou para a minha lista de favoritos não só do ano, mas da minha estante e tenho certeza que é uma dessas leituras infalíveis. Perfeito.
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