• Matéria: Português
  • Autor: gagabiruounkb9
  • Perguntado 8 anos atrás

O poema que segue integra a obra Cancioneiro e é, provavelmente, o mais conhecido de Fernando Pessoa.

Autopsicografia

O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente

E os que leem o que escreve,
N dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração;

Perguntas:

1) O poema apresenta como tema a criação artística, desenvolvendo-o em três planos ou em três níveis, demarcados pelas estrofes. De que trata cada uma das estrofes ?

2) Levando em conta que o poeta é um fingidor levante hipóteses: por que, de acordo com a 1ª estrofe, o poeta "chega a fingir que é dor / A dor que deveras sente" ?

3) De acordo com a 2ª estrofe:
a) A que dores se refere o texto no verso "Não as duas que ele teve"?
b) Os leitores não sentem as duas dores do poeta, "Mas só a que eles não tem." Levante hipóteses: que dor pode ser esses sentida pelos leitores?

4) Na última estrofe, são aproximadas dois elementos que, historicamente, são a base da criação artísticas em todos os tempos, ora com o predomínio de outro.
a) Quais são esses elementos?
b) Que importância tem esses elementos no jogo da criação literária?

5) O poema tem como título "Autopsicografia" O termo psicografia significa a relação mediúnica estabelecida entre dois seres humanos, um morto e um vivo, sendo este o meio pelo qual aquele escreve; o prefixo auto-significa. "por si mesmo". Levando em conta esses dados e considerando as relações entre realidade, imaginação ou fingimento observados no poema, dê uma interpretação coerente ao título do poema.

Respostas

respondido por: josiasferreira689
12

Resposta:

Explicação:

Olá =)

1. A 1ª estrofe trata do poeta e da criação literária.

    A 2ª estrofe trata do leitor e de sua relação com o texto literário.

    A 3ª estrofe trata do jogo entre a razão e emoção, existente no fenômeno literário.

2.  No jogo literário, experiência e imaginação se fundem, construindo uma nova realidade, a do texto.

    A emoção contida no texto nem sempre corresponde a emoção real; esta pode servir de base para a “emoção fingida”, que se torna real no poema.

3. a) As duas dores do poeta: a vivida e a fingida.

b) Com uma visão moderna sobre a recepção do texto. Pessoa abre espaço para a imaginação do leitor, que não é visto aqui como elemento passivo no jogo literário, mas como coadjuvante da escritura do texto, pois é ele que atribui o sentido final à sua leitura.

4. a) Razão e emoção.

b) Historicamente, sempre houve predomínio de um ou de outro. Depreende-se que, para Fernando Pessoa, a criação literária é a confluência da emoção (ligada à experiência), da razão (ligada à consciência e à técnica) e da imaginação.

5. O título sugere que a criação literária parte de um eu e transforma a experiência vivida em “experiência fingida” imaginada. Nesse processo de recriação, atuam três elementos: razão, emoção e imaginação. Essas relações, que ocorrem no plano da expressão, se repetem no momento da recepção, da leitura.

Espero ter ajudado, =)

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