Respostas
Pollyana Cristina dos Santos FerreiraI; Darlene Mara dos Santos TavaresII; Rosalina Aparecida Partezani RodriguesIII
IPrograma de Pós-Graduação stricto sensu em Atenção à Saúde, Universidade Federal do Triângulo Mineiro - UFTM - Uberaba(MG), Brasil
IIDepartamento de Enfermagem em Educação e Saúde Comunitária (DEESC) do Centro de Graduação em Enfermagem (CGE), Universidade Federal do Triângulo Mineiro - UFTM - Uberaba(MG), Brasil
IIIEscola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP), Universidade de São Paulo - USP - Ribeirão Preto (SP), Brasil
Autor Correspondente
RESUMO
OBJETIVO: Descrever as características sociodemográficas, funcionais e clínicas dos idosos com e sem declínio cognitivo residentes na zona urbana de Uberaba-MG.
MÉTODOS: Estudo tipo inquérito domiciliar realizado com 2.898 idosos. Foram constituídos dois grupos: grupo 1, idosos com pontuação menor que 13 no Miniexame do Estado Mental e grupo 2 com 13 pontos ou mais nesse exame. Os dados coletados, por meio de instrumento semiestruturado, foram submetidos à análise descritiva e ao teste Qui-quadrado (p<0,05).
RESULTADOS: No grupo 1, prevaleceu idosos com 80 anos ou mais; sem ocupação e escolaridade, com hipertensão arterial e seis ou mais incapacidades funcionais. No grupo 2, a maioria possuía 60 a 70 anos; exercia atividades no lar; quatro a oito anos de estudo, hipertensão arterial e uma incapacidade funcional. Os grupos diferiram significativamente quanto: à faixa etária, escolaridade, atividade profissional, número de doenças e incapacidade funcional.
CONCLUSÃO: Este trabalho contribuiu com estudos que enfatizam os diversos fatores que podem interferir no desempenho cognitivo do idoso.
Descritores: Saúde do idoso; Enfermagem geriátrica; Cognição; Cuidados de enfermagem
INTRODUÇÃO
O envelhecimento progressivo da população repercute na sociedade, podendo se configurar em problema social. Desta forma, este fenômeno precisa ser aprofundado no Brasil, a fim de contribuir com a melhoria da qualidade de vida da população idosa(1).
O envelhecimento humano pode ser abordado nos contextos biológicos, sociais, psicológicos, intelectuais, econômicos, funcionais, culturais e cronológicos(2). No que tange ao envelhecimento físico, pode ocorrer o declínio das capacidades, tanto físicas como cognitivas, de acordo com fatores genéticos, estilo de vida e características de vida dos idosos(1).
Salienta-se que para que o idoso tenha boas condições de vida, são fundamentais a manutenção da autonomia e a independência. A autonomia é considerada a habilidade para tomar decisões, ou seja, ter autocontrole sobre sua própria vida(3) e independência é entendida como a "capacidade de realizar as atividades da vida diária sem depender de terceiros"(4).
Ressalva-se que a autonomia e a independência são variáveis que podem se alterar no decorrer do tempo, porém a equipe interdisciplinar de saúde deve ter como meta restaurá-las ou chegar o mais próximo possível da capacidade anterior ao agravo do idoso.
Uma das maneiras de verificar as condições de saúde do idoso consiste na aplicação de instrumentos que permitam a avaliação global desses indivíduos pela equipe de saúde, abordando suas condições individuais, familiares e sociais e a relação com a capacidade funcional, cognitiva e afetividade(5).
A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, dentre as suas diretrizes, tem a promoção do envelhecimento ativo e saudável que enfoca a necessidade de manutenção da capacidade física e mental(6). Nesta perspectiva, a adoção de instrumentos que avaliem a função cognitiva, a capacidade funcional e detectem as morbidades autorreferidas pelo idoso durante o cuidado de enfermagem, contribuirá para o planejamento da atenção, pautada nas especificidades individuais, bem como na detecção precoce de déficits cognitivos e funcionais com vistas à intervenção.
O déficit cognitivo pode manifestar-se durante o processo de envelhecimento com início e progressão variáveis e relaciona-se com as próprias perdas biológicas inerentes ao tempo e à cultura do indivíduo. Ademais, os níveis social, econômico, instrucional e a idade interferem no desempenho do idoso(7).Desta forma, é necessário estar atento a estes fatores na interpretação dos resultados(4).
O déficit cognitivo em idosos consiste em "lentidão leve, generalizada e perda de precisão, quando estes são comparados com pessoas mais jovens, e pode ser medido por testes objetivos que relacionem situações do cotidiano"(8), a exemplo o Miniexame do Estado Mental adaptado e validado para a cultura brasileira(9).
A avaliação da capacidade funcional dos idosos permite aos profissionais de enfermagem e aos demais membros da equipe multidisciplinar uma visão mais abrangente em relação às morbidades referidas e ao impacto da doença para a pessoa(10).