Daqui ninguém sai
Fim de tarde, ele encurta o caminho pelo cemitério. No escuro cai numa cova aberta para o enterro da manhã. Aos pulos, tenta alcançar as bordas, e nada. “Se eu grito, acham que é um fantasma. Em vez de acudir, fogem.” Exausto, se encolhe num canto, bem quieto. De manhã, pede ajuda. Já cochilando, ouve passos. Alguém usa o mesmo atalho. De repente cai uma sombra ali dentro. Habituado à escuridão, enxerga o outro, que não o vê. "Se eu falo, esse aí tem um ataque." O qual repete as suas tentativas: pula, quer agarrar-se às beiras, e nada. Cabeça baixa, ofegante, mãos contra a parede. Vencido. O primeiro se ergue em silêncio. Uma batidinha no ombro: — É, meu chapa. Daqui ninguém sai. Pronto: único salto, o meu chapa fora da cova ia longe. E ele? Tem que esperar o socorro até de manhã. Sob a garoa fininha
(TREVISAN, Dalton. Daqui ninguém sai. In:______ .
Arara bêbada. Rio de Janeiro: Record, 2004.)
1. Há três transcrições de fala da personagem. Observe e explique:
a) as marcas gramaticais empregadas para indicar cada fala;
b) a variação das marcas e o sentido criado.
2 . Não há verbos d ic en d i introduzindo as falas. Eles fizeram falta? Comente.
Respostas
1. A) As marcas gramaticais que foram colocadas dentro deste texto são referentes as aspas duplas, que serviram para introduzir a fala do próprio narrador dentro deste conteúdo.
B) A variação destas marcas são dadas após o início e o final de cada uma das aspas, sendo um tipo de recurso usado pelo autor.
2. Estes verbos acabam introduzindo as falas apenas flexionando o modo pelo qual o narrador estava falando, diretamente. Ou seja, os verbos estavam na primeira pessoa do singular, por isso o pronome "eu" não foi usado.
As aspas dentro deste texto
As aspas duplas são empregadas em discursos ou para citar textos. Por exemplo: Jorge respondeu Fernanda daquele jeito: "Não toque mais nesse assunto!".
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