• Matéria: História
  • Autor: alanagianeti1
  • Perguntado 8 anos atrás

Qual era forma de organização econômica na na guerra fria?

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respondido por: gigi291
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Certamente os mais avançados na idade recordam o que foi a Guerra-fria, mas, para que todos partam em pé de igualdade, quanto a esta questão, vou explicar com a maior brevidade possível de que se tratou.

Finda a 2.ª Guerra Mundial a União das Repúblicas Soviéticas Socialistas (URSS) saiu mais fortalecida do conflito do que os Estados da Europa quase arrasados pela necessidade de reduzir a nada o poder da Alemanha nazi. O desmantelamento económico grassava por todo o Velho Continente. No outro extremo da situação estavam os Estados Unidos da América (EUA) que, por não terem sido alvo de qualquer ataque no seu território, mantinham uma economia saudável, principalmente estribada na indústria de armamento (é conveniente recordar que nesta indústria não basta fazer só carros de combate ou aviões ou submarinos, porque há todo um conjunto de artigos subsidiários que concorrem para pôr em funcionamento os artefactos bélicos e que são rentáveis e dão trabalho a muita gente). Por seu turno, a URSS tinha estendido a sua esfera de influência, na Europa, muito para além das fronteiras da imperial Rússia, facto que a colocava, no plano geoestratégico, em situação de poder ocupar os Estados capitalistas de modo a conseguir chegar aos portos do Atlântico, quiçá ao Canal da Mancha. Mas a URSS, tendo, tal como os EUA, um imenso parque industrial de fabrico de armamento, estava, tal como o resto da Europa, incapaz de produzir para satisfazer as necessidades da população dos Estados que a integravam.

Porque a Europa representava um grande vazio estratégico capaz de ser ocupado com relativa facilidade, os EUA temeram que a URSS pudesse ser tentada a prolongar o conflito militar e, como acção dissuasora, associando os Estados democráticos do Velho Continente — com exclusão de Portugal, que, era sabido, vivia em ditadura — formaram a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) a qual funcionava como aliança defensiva contra qualquer ataque da URSS. Mas, o que é para uns defensivo é, para outros, ofensivo e foi assim que a URSS liderou a formação de uma aliança militar defensiva, designada Pacto de Varsóvia.

Criaram-se, sem maior fundamento do que a desconfiança mútua, duas máquinas de guerrapreparadas para travar, no solo europeu, um conflito de dimensões infernais. Foi a este conflito latente, dissuasor para ambos os lados, que se deu o nome de Guerra-fria.

Até aqui ativemo-nos aos factos. Tentemos ir um pouco mais longe, de modo a compreendê-los.

Do ponto de vista económico a situação criada e vivida na Europa era de extrema conveniência para o EUA, porque, mantendo a indústria armamentista em funcionamento, mantinha altos níveis de emprego, de consumo e de bem-estar já que tudo isto se fundamentava nas capacidades das famílias comprarem o que o mercado lhes oferecia. E o mercado americano estava em alta na viragem dos anos quarenta para os anos cinquenta do século passado. De um modo geral, os cidadãos viviam bem e em prosperidade. A guerra da Coreia justificou a doutrina de prevenção e dissuasão pensada no Pentágono, na medida em que, sendo um prolongamento da 2.ª Guerra Mundial, continuava a manter de pé a economia dos EUA. O capitalismo florescia no seu máximo esplendor ao mesmo tempo que, com o Plano Marshall, se reabilitava a Europa para a produção e, acima de tudo para o consumo, pois é importante fixar que a economia dita de mercado se fundamenta e sustenta na e pela capacidade de consumo das famílias. Ainda havia espaço para se continuar com a expansão do capitalismo concorrencial.

E do lado da URSS? Aqui tínhamos iguais razões para manter a funcionar a indústria de armamento para garantir a tendência para o pleno emprego, mas, como a economia se pretendia planificada e, por conseguinte, satisfazendo as necessidades hierarquizadas das populações, havia que dosear cautelosamente o esforço entre o que se dedicava à segurança e o que se impunha produzir para manter as famílias e a sociedade em paz e de bem com o sistema político. Ou seja, enquanto no lado capitalista existia uma certa coerência entre política externa e interna — a indústria de guerra servia aos propósitos do bem-estar interno — na URSS a indústria de guerra configurava uma economia não planificada de matriz capitalista em claro detrimento do bem-estar que só se justificava na base da planificação económica para dar crédito aos princípios doutrinários e ideológicos do socialismo. Dito por outras palavras, na URSS tinham de coexistir, por força da existência de um mecanismo militar de dissuasão, uma só ideologia e dois sistemas: o capitalista, para possibilitar a continuidade da política externa, e o socialista, para a fundamentar a ordem interna.






gigi291: espero ter te ajudado
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