Question

Nos relatos realizados pelo viajante francês Jean de Léry, observamos: “Todas as aldeias circunvizinhas são avisadas do dia da execução e breve começam a chegar de todos os lados homens mulheres e meninos. Dançam então o couinam. O próprio prisioneiro, a pesar de não ignorar que a assembleia se reúne para seu sacrifício dentro de poucas horas, longe de mostrar-se pesarosos enfeita-se todo de penas e salta e bebe como um dos mais alegres convivas. Depois de ter comido e cantado durante seis horas com os outros, é ele agarrado por dois ou três dos personagens mais importantes do bando e sem que opona a menor resistência, é amarrado pela cintura com cordas de algodão ou de fibra de uma árvore a que chamam vyire semelhante à nossa tília. Deixam-lhe os braços livres e o fazem passear assim pela aldeia, em procissão, durante alguns momentos [...]” (LÉRY, 2007, pp. 193-194). LÉRY, Jean de. Viagem à terra do Brasil. Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 2007. O excerto documental faz referência ao costume perpetuado por grande parte das tribos indígenas do Brasil lusitano, sobretudo durante o século XVI. Neste sentido, a partir da análise do documento e dos estudos relativos a este período de nossa História, analise as afirmações a seguir: I – O excerto documental faz referência aos rituais de antropofagia indígena. Este costume foi duramente reprimido pelos membros da Companhia de Jesus a partir de 1549 quando os inacianos desembarcaram na colônia portuguesa. Este foi o traço da cultura ameríndia mais repudiado pelos padres e o mais difícil de ser combatido. II – De acordo com os relatos jesuíticos do período, em razão das proibições, os ameríndios começaram a praticar a antropofagia sem os tradicionais rituais, para que evitassem ser flagrados. Quando eram interrogados pelos padres, os índios negavam que estivessem comendo seus contrários. III – Os rituais antropofágicos representavam para os índios a preservação da memória de seus antepassados e seus entes queridos mortos nos combates. Além disso, significava prestígio e respeito perante os outros membros da tribo, como também a conquista da maturidade. IV – A proibição da prática antropofágica, por um lado, veio a favorecer os colonizadores portugueses que estavam interessados em adquirir indígenas para serem escravizados. Se os índios não pudessem comer seus prisioneiros de guerra, a alternativa viável era negociá-los por meio do “resgate” com os colonos lusitanos. É correto o que se afirma em: ALTERNATIVAS I e II, apenas. III e IV, apenas. I, II e III, apenas. II, III e IV, apenas. I, II, III e IV.

Answer 1

 I – O excerto documental faz referência aos rituais de antropofagia indígena. Este costume foi duramente reprimido pelos membros da Companhia de Jesus a partir de 1549 quando os inacianos desembarcaram na colônia portuguesa. Este foi o traço da cultura ameríndia mais repudiado pelos padres e o mais difícil de ser combatido.
Correto. Os rituais de antropofagia eram bastante comuns e incomodavam bastante os padres portugueses, dado seu caráter "selvagem" e desumano.

II – De acordo com os relatos jesuíticos do período, em razão das proibições, os ameríndios começaram a praticar a antropofagia sem os tradicionais rituais, para que evitassem ser flagrados. Quando eram interrogados pelos padres, os índios negavam que estivessem comendo seus contrários.
Falso. Os rituais só pararam quando estavam sendo perseguidos de maneira intensa.

III – Os rituais antropofágicos representavam para os índios a preservação da memória de seus antepassados e seus entes queridos mortos nos combates. Além disso, significava prestígio e respeito perante os outros membros da tribo, como também a conquista da maturidade.
Correto. Os rituais carregavam significados bastante profundos para com os indígenas e, por isso, foi um processo de difícil banimento por parte dos portugueses.
 
IV – A proibição da prática antropofágica, por um lado, veio a favorecer os colonizadores portugueses que estavam interessados em adquirir indígenas para serem escravizados. Se os índios não pudessem comer seus prisioneiros de guerra, a alternativa viável era negociá-los por meio do “resgate” com os colonos lusitanos. 
Correto. Os portugueses começaram a negociar os prisioneiros de guerra com estes povos, de modo a ter escravos em mãos e evitar, ao mesmo tempo, a prática da antropofagia.

abraço!