• Matéria: Português
  • Autor: ellensantos17
  • Perguntado 8 anos atrás

redaçao a adolescência na vida moderna?

Respostas

respondido por: igorcarvalho121
2
Antes de atentarmos propriamente na adolescência contemporânea, desejaríamos situar-nos em determinada perspectiva, mediante um breve memorandum da história deste . Trata-se, na verdade, de um  e não de uma , pois, em rigor, não será referindo-a a um processo de maturação psicológica observada que nos ocuparemos aqui da adolescência. O interesse que hoje suscitam a infância e a adolescência não é comum a todos os tempos e a todos os lugares. Segundo determinadas pesquisas históricas , um tal interesse só apareceu na Europa a partir do sé- culo XIII, ganhando corpo no séc. XVI, principalmente sob duas formas: o , que transforma a N. da R. — Os subtítulos do presente artigo são da responsabilidade de Análise Social, pois não figuram no original francês. 1 Philippe ABIÊS, L'enfant et la vie familiale sous l'Ancien Regime, Paris, Plon, 1957. 18S criança de qualquer camada social num ser gracioso, num objecto lúdico, e a, mais grave, que considera a criança como um ser cuja inocência se deve preservar e cuja fraqueza tem de ser armada. Sem dúvida que a educação, concebida como acção a ser exercida pelos adultos no sentido de tornar o jovens mais aptos para a vida social , é consubstanciai a toda a forma de sociedade. Mas havia sido até àquela época, para a grande maioria da população, mais informal que intencional. A história das cerimónias católicas, por exemplo, é significativa do surto deste : quando a ideia da infância não havia ainda tomado vulto na Europa, o Baptismo era «passagem» suficiente da não-existência à existência. A Confirmação era conferida sobretudo a adultos. Ao surgir como distinta a infância, tornou-se necessário conferir um cunho religioso à passagem para uma outra idade. A cerimó- nia da Primeira Comunhão radica, assim, no século XVII, refor- çada nos meios rurais no decorrer do século XIX, como um dos meios missionários essenciais. Da fraqueza atribuída à criança se infere, simultaneamente, a sua irresponsabilidade e o dever do adulto de a criar e educar. Tal concepção não se difundiu, porém, do mesmo modo em todas as camadas sociais e, sobretudo, não foi nelas aplicável a uma infância de uniforme duração. Durante largo tempo, com efeito, a maior parte da população cedo foi separada da sua progenitura: a aprendizageim junto de um artífice distante, o contrato anual de trabalho dos jovens rurais, constituíam rupturas praticamente definitivas; os diversas compromissos, quer se tratasse do exército, do convento ou do seminário, efectuavam-se frequentemente a partir da idade de 12 ou 13 anos. Para todos estes, a adolescência não decorria no seio da família; e era a própria criança que se tornava responsável pelo seu destino. No extremo oposto, uma longa educação, pouco necessária deveria parecer a uma aristocracia segura de si e estável o nascimento, e não os caracteres adquiridos, se encarregava de atribuir ao indivíduo estatuto social e bens. O jovem aristocrata era assim considerado capaz, como que por dom carismático, de corresponder ao que dele se esperava ; os seus feitos eram inatos, e a sua vida, contínua. Pelo contrário, para aqueles cujas actividades eram competitivas, estando portanto destinados a encontrar em seu caminho as resistências da natureza ou das vontades contrárias de outros homens, necessá- rio se tornava adquirir, pela aprendizagem e pelo exercício, um certo número de conhecimentos e aptidões (savoir-faire). Assim, o jovem burguês será criança até que haja atingido determinado «estado», e os estudos, particularmente no caso do rapaz, serão responsáveis pela preparação de um tal «estado». Pouco a pouco, a possibilidade de fazer recuar, por tanto tempo quanto possível, 186 o acesso a esse  torna-se sinal de recursos financeiros elevados. Mais que as competências particulares, o saber e o afinamento do bom-gosto, passaram a sinais de pertença a uma élite, pressupondo a sua aquisição um longo tempo livre antes do acesso às responsabilidades económicas. A industrialização do séc. XIX veio ainda reforçar este aspecto distintivo de uma longa infância, uma vez que obrigou as classes inferiores a uma infância muito curta; se as famílias da classe operária urbana se encontraram praticamente dissociadas, se esta se viu compelida a enviar os seus filhos para o trabalho a partir dos 8 anos e, por vezes, mais cedo, a burguesia esforçou-se, pelo contrário, por oferecer longos estudos a seus filhos. Ao mesmo tempo que o conceito de uma longa infância se consolidava, surgia um novo tipo de continuidade familiar, mais voluntária e mais controlada que a da aristocracia; uma vez adquiridos os bens, a sua transmissão não deixava, com efeito, de pôr problemas, como no-lo recordam os casamentos em MOLIÈRE. E em breve a imagem da intimidade familiar se tornará característica da burguesia. Os pais sentir-se-ão responsá- veis pela educação de seus filhos; os tratados de educação, dos quais Émile é o mais conhecido, irão proliferar.
Perguntas similares