• Matéria: Geografia
  • Autor: franmarques3711
  • Perguntado 8 anos atrás

Leia o texto a seguir e responda às questões.

Moradores de um condomínio na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, quiseram levantar um muro separando seus condomínios verticais de alto luxo de edifícios de gente modesta. O prefeito de San Fernando, na Grande Buenos Aires, Argentina, mandou construir um muro de 800 metros separando seu município da cidade vizinha, San Isidro. Foi o que imaginou como maneira de evitar a movimentação de criminosos instalados no município do prefeito Gustavo Posse, onde são elevados os graus de pobreza. Provocou uma gritaria geral e teve de recuar. [...]
. 182 A índia levantou uma cerca de quase três metros de altura para impedir o trânsito ilegal de migrantes provenientes da vizinha Bangladesh, um dos países mais pobres do mundo. Bangladesh nasceu em 1971, após uma terrível guerra de secessão contra o Paquistão, na qual recebeu o apoio da índia. As tentativas de cruzamento da fronteira continuaram e a repressão é feroz. Entre 2000 e 2007, foram mortos 700 cidadãos de Bangladesh que tentaram cruzar a cerca, que inclusive separa produtos agrícolas dos mercados onde são vendidos. O governo indiano copia iniciativas anti-imigração adotadas pelos países ricos. É a contaminação dos muros. Ela se espraia ao largo do mundo criando uma nova espécie de apartheid. Com a queda do Muro de Berlim, em 1989, não aconteceu o "fim da histó­ ria" anunciado por arautos de um liberalismo que se imaginava triunfante. Outros conflitos assumiram a mesma imagem de intolerância, sem fundo ideológico preciso, ou destituídos completamente de ideologia, mas com os mesmos elementos de maldades. As divisões no mundo continuaram a se multiplicar, à imagem do que aconteceu em Berlim. Muros ao norte do Rio Grande, separando Estados Unidos e México, a oeste da Jordânia, na fronteira israelense, a leste do Tigre, no Iraque, para impedir o fluxo de imigrantes ilegais ou de combatentes contra as forças americanas. O muro que separa Israel dos territórios palestinos ocupados terá nada menos que 730 quilômetros. O que se constrói entre Estados Unidos e México será ainda mais longo: 1.120 quilômetros. Um muro, no interior de Bagdá, tem cinco quilômetros. Foi construído pelos americanos para isolar redutos sunitas mais radicais. Há novos muros e projetos de mais muros por todas as partes, entre nações, comunidades religiosas ou grupos étnicos rivais. A China construiu uma "zona de segurança" próxima da Coréia do Norte e fechou sua fronteira com o Paquistão na Cachemira. É separada da Coréia do Sul por uma linha de demarcação. A Tailândia pretende adotar alguma espécie de separação (outro muro?) isolando seu sul muçulmano do norte da Malásia, com outra cor religiosa. A Arábia Saudita "impermeabilizou" suas fronteiras com o Iêmen, ao sul, e o Iraque, ao norte. Na Irlanda do Norte, apesar do sucesso do processo de pacificação interna, existem até hoje cerca de meia centena de "linhas de paz" separando católicos e protestantes. Uma "linha verde" separa gregos e turcos da ilha de Chipre, no Mediterrâneo Oriental. Tudo isso um dia cairá? A China construiu a Grande Muralha, no terceiro século antes de Cristo, para conter os hunos. Mas, pouco a pouco, o tempo fez o seu trabalho e a Grande Muralha tornou-se cartão postal, objeto de turismo. [...] Quem primeiro usou a expressão “novo apartheid" foi o ex-presidente Jimmy Carter, dos Estados Unidos. Falava do muro que Israel constrói na linha de demarcação com os territó­ rios palestinos ocupados. A filósofa Hannah Arendt, de origem judaica, disse que o sionismo fracassou porque não conseguiu que os judeus convivessem com os palestinos. Tal fracasso se manifesta hoje como demolição das esperanças de paz no Oriente Médio. [...] Mas, como lembra o presidente mexicano, muro de nada adianta. Mesmo assim, continuam a ser levantados. Talvez uma antevisão do futuro: ricos cercados de muros procurando proteção contra legiões de pobres. Uma horrível antiutopia. (CARLOS. Newton. Um mundo feito de muros. Clube Mundo. São Paulo, ano 18, n. 4. p. 4. ago. 2010).

a) Qual é a ideia geral do texto?
b) O que significa a expressão “contaminação dos muros”? Qual é a sua opinião sobre isso?
c) Caracterize o que seria um novo apartheid.
d) Em sua opinião, a construção de muros é uma medida que pode reduzir ou ampliar os conflitos no mundo? Justifique sua resposta elaborando um texto argumentativo.

Anexos:

Respostas

respondido por: Anônimo
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a) A ideia do texto é de que a nova ordem mundial após a queda do bloco socialista soviético (aqui ilustrado como o muro de Berlim) que se estabeleceu não é uma em que o capitalismo estabeleceu-se igualitariamente entre as nações e as barreiras e divisões, com sua consequente intolerância, foi rompida, muito pelo contrário, agora a divisão de muros acontece entre pobres e ricos, além de entre ideologias.

b) É o fenômeno de proliferação dos muros ao redor de todo o globo terrestre, que separam de países a bairros, reflexos de medos, intolerância e desigualdades.

c) O novo apartheid seria a barreira física entre ricos e marginalizados, e entre grupos de diferentes ideologias, nos exemplos citados, especialmente religiosas.

d) Os muros são um grande risco à diplomacia e um contrassenso, uma reação assustada à queda de fronteiras que a revolução informacional representa. Além disso, os muros realçam as diferenças e aumentam desigualdades, marginalizando grupos inteiros com uma fronteira instalada no espaço geográfico. Podem gerar revoltas e indignações, represálias cruéis, alimentar a intolerância, e ainda assim, a História prova "de nada adiantam".
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