Veja a seguir uma hipótese sobre o surgimento das cidades.
Em seu clássico A cidade na história, Lewis Mumford defende algumas teses fascinantes sobre a origem das cidades. Entre outras, afirma que a cidade dos mortos (necrópolis) antecedeu a cidade dos vivos (pólis). As verdadeiras fundadoras de cidades e civilizações teriam sido as mulheres, que cultuavam seus mortos em lugares aos quais, mesmo em períodos de nomadismo, voltavam com regularidade, erguendo santuários para aqueles que haviam partido deste mundo. As mulheres ainda procuravam lugares seguros e protegidos para dar à luz, lugares esses simbolizados pelo círculo remetendo à cidade com muralhas. A cruz, a grade ou o tabuleiro representariam de forma mais imediata as ruas da cidade e, metaforicamente, a ousadia, o expansionismo dos homens, sua atitude conquistadora e guerreira. Por isso, não surpreende que os hieróglifos de mulher, casa e cidade se confundem.
Esse mesmo símbolo já foi encontrado em Nimrod, em escavações na Mesopotâmia, sob a forma de um baixo-relevo assírio, mostrando que a existência de cidades no Oriente Próximo antecedeu por milênios a existência das cidades ocidentais, incluindo as cidades da Antiguidade clássica como Atenas e Roma.
(FREITAG, Bárbara. Utopias urbanas. Conferência de encerramento do IX Encontro da Sociedade Brasileira de Sociologia, em 2001. Disponível em: . Acesso em: 25 set. 2012).
a) Segundo o texto, qual seria o papel das mulheres no surgimento das cidades?
b) Faça um levantamento das informações que você tem sobre o surgimento de sua cidade. Depois, exponha aos colegas o que você descobriu.
Respostas
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7
a) Como as mulheres cultuavam os mortos, erguendo santuários e retornando com regularidade a esses sítios, constituíram as necrópolis (locais para culto aos mortos) anteriormente às pólis (cidades para os vivos). Ainda, com um círculo, em referência às muralhas circundandes, buscavam locais seguros e protegidos para "darem os filhos à luz". Os hierógifos de mulher, casa e cidade podem-se confundir, dada essa proximidade simbólica.
b) Há muita participação feminina na construção e desenvolvimento das cidades brasileiras. Se tomarmos o estado de São Paulo, desde as bandeiras, nos séculos XVII e XVIII, elas participaram ativamente como mão de obra significativa nas colheitas para a produção de açúcar, mineração e, já no século XIX, colheita, ensacamento e negociação do café paulista. O artesanato cresceu nas ruas a partir da libertação dos escravos, com muitas mulheres negras livres e alforriadas, na venda direta da metrópole que se desenhava próspera no final do século XIX. As mulheres passaram a assumir a administração do gado e das fazendas, no processo de industrialização que se iniciou no século XX. Ao longo das estradas de ferro, com a crescente urbanização das cidades paulistanas, surgiram comunidades com importante fluxo e comércio de produtos para a alimentação, muitas vezes conduzido pelas mulheres da região. As paulistanas que se destacavam seriam as fundadoras de capelas, curadoras, diretoras de cursos regulares e particulares, sobrepondo-se aos homens mais ligados à construção civil e negociações de cidade em cidade. E, como é necessário perceber, muitas mulheres, por seu comportamento detalhista e muito atendo, dirigem e negociam todo o tipo de prestação de serviços e de atendimento direto a clientes em lojas, nas cidades paulistanas, tornando a prestação de serviços marcantemente "feminina" em muitos aspectos no estado de São Paulo.
b) Há muita participação feminina na construção e desenvolvimento das cidades brasileiras. Se tomarmos o estado de São Paulo, desde as bandeiras, nos séculos XVII e XVIII, elas participaram ativamente como mão de obra significativa nas colheitas para a produção de açúcar, mineração e, já no século XIX, colheita, ensacamento e negociação do café paulista. O artesanato cresceu nas ruas a partir da libertação dos escravos, com muitas mulheres negras livres e alforriadas, na venda direta da metrópole que se desenhava próspera no final do século XIX. As mulheres passaram a assumir a administração do gado e das fazendas, no processo de industrialização que se iniciou no século XX. Ao longo das estradas de ferro, com a crescente urbanização das cidades paulistanas, surgiram comunidades com importante fluxo e comércio de produtos para a alimentação, muitas vezes conduzido pelas mulheres da região. As paulistanas que se destacavam seriam as fundadoras de capelas, curadoras, diretoras de cursos regulares e particulares, sobrepondo-se aos homens mais ligados à construção civil e negociações de cidade em cidade. E, como é necessário perceber, muitas mulheres, por seu comportamento detalhista e muito atendo, dirigem e negociam todo o tipo de prestação de serviços e de atendimento direto a clientes em lojas, nas cidades paulistanas, tornando a prestação de serviços marcantemente "feminina" em muitos aspectos no estado de São Paulo.
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