• Matéria: História
  • Autor: eltonvarelo648
  • Perguntado 8 anos atrás

O texto reproduzido abaixo é uma notícia publicada no site da revista História Viva, em dezembro de 2007.
Depois de ler atentamente, responda às questões.

A polêmica da imigração na França
No mesmo dia em que São Paulo inaugurou a mostra comemorativa dos 120 anos da Hospedaria do Brás, desde 1998 transformada em Memorial do Imigrante, em Paris o novo Museu Nacional da História da Imigração abriu suas portas. Não sem muita controvérsia: o país está discutindo as novas medidas propostas pelo governo para dificultar a entrada de imigrantes. A polêmica é tanta que a ocasião não contou com a presença de autoridades, fato raro na França.
Projeto lançado no final dos anos 1980, o museu tem como mote fixar um novo olhar sobre a imigração, ressaltando seus aportes para a constituição da cultura francesa tal como ela é hoje. O lema parece, no entanto, estar na contramão do discurso oficial atual, em que o presidente Nicolas Sarkozy – ele mesmo filho de imigrantes húngaros – vem prometendo, desde o início de seu governo, dificultar o acesso de imigrantes ao país. Quando anunciou a criação do Ministério da Imigração, Integração, Identidade Nacional e Codesenvolvimento, em maio deste ano, oito historiadores que participavam do conselho científico do museu pediram demissão, como protesto ao Ministério que associa o conceito de imigração ao de identidade nacional.
Mesmo sem inauguração oficial, o museu abriu, com a mostra permanente Repères, que aborda 200 anos de imigração no país. Seu percurso apresenta como, desde a Idade Média, a França acolhe estrangeiros, como o teólogo Tomás de Aquino, além de mercadores e comerciantes. A cronologia acompanha os principais momentos e movimentos migratórios do país, e indica as épocas em que sentimentos xenofóbicos estiveram mais fortes, assim como os períodos em que a mão de obra estrangeira se fez necessária para a economia, como no entreguerras. Contando com fotografias de manifestações recentes de estrangeiros sem documentos, a mostra termina com uma mensagem: “Os habitantes da França devem conhecer, e tornar seu, esse longo passado de imigração”. [...]
(BETING, Graziella. A polêmica da imigração na França. História Viva, 12 dez. 2007. Disponível em: . Acesso em: 19 out. 2012).

a) O texto destaca uma notícia da época do presidente francês Nicolas Sarkozy, anterior ao atual presidente François Hollande. De acordo com o que foi publicado no site da revista História Viva, como a sociedade francesa encarava, então, a entrada de imigrantes no país?
b) Em jornais, revistas, na internet e em livros paradidáticos, procure informar-se sobre os seguintes tópicos relacionados à relação entre franceses e imigrantes no presente:
• Qual é a origem da maioria dos imigrantes que vivem hoje na França?
• Que razões atraem esses imigrantes para a França?
• Em que condições os imigrantes vivem e trabalham na França?
• Que argumentos são apresentados pelos que defendem a restrição da entrada de imigrantes na França?
• Como os imigrantes que vivem na França reagem às manifestações de xenofobia?
c) Considerando as informações do texto acima, você avalia que a abertura do Museu Nacional da História da Imigração, em Paris, foi uma iniciativa importante para promover a boa convivência entre os franceses e os imigrantes que vivem no país? Ou, ao contrário, tratou-se de uma iniciativa que pode ser interpretada como uma provocação e acirramento da xenofobia? Debata o tema com os colegas.

Respostas

respondido por: negrusmagister
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a) Há um comportamento dúbio, em parte acolhendo o imigrante e lutando pela sua integração à sociedade francesa, enquanto, de outra parte, inclusive constituída por parte do governo, luta-se por outros meios que dificultem essa imigração.

b) Desde 1999, a França tem operado campos de refugiados com o de Sangatte em Calais. Em maioria, vêm do Afeganistão, Eritreia, Síria e Somália. Muitos deles, fugindo das guerras em seus países de origem, estão a caminho do Reino Unido, utilizando o Canal da Mancha para a fuga. Na França, entretanto, trabalharão de forma ilegal, na prestação de serviços sem garantias, e em subempregos. A parcela do governo que luta pelas restrições à entrada de imigrantes, baseada nas recentes crises financeiras da Europa, argumenta que não há espaço para a concorrência com essa nova força de trabalho. Isto porque o imigrante "aceita" qualquer pagamento ou salário, desde que seja ocupado. Há, ainda, as questões sanitárias dos aglomerados e acampamentos e todas as outras policiais e políticas, envolvidas nos assentamentos. Quanto à xenofobia, o imigrante não encontra proteção policial ou legal do governo francês. Na luta pela necessidade de alimentarem-se adultos e crianças, questões de maus-tratos serão sempre menores.

c) Se os fundadores e curadores do museu entendem que há razões para bem acolher essa massa de imigrantes, outros da população discordarão. Historicamente, toda a Europa viu as imigrações com grandes reservas mas, igualmente, valeu-se dos estrangeiros, que pediram asilo, para contratar a mão de obra para o serviço pesado e insalubre de que precisou. Um museu como esse pode avançar na discussão das necessidades locais e dos estrangeiros, de modo a incorporar essa população na produção e na prestação de serviços francesas.
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