• Matéria: História
  • Autor: Kekkelvin5459
  • Perguntado 8 anos atrás

O texto a seguir foi escrito pelo libanês Amin Maalouf com base em fontes muçulmanas. Nele, o autor faz uma descrição da chegada dos cristãos (genericamente chamados de francos) a Jerusalém, no final da Primeira Cruzada. Leia-o com atenção e faça o que se pede adiante.

Os cruzados libertam Jerusalém [...]
A população da Cidade Santa foi passada ao fio da espada, e os francos estiveram matando muçulmanos durante uma semana. Na mesquita de Al-Aqsa, mataram mais de 70 mil pessoas. E Ibn al-Atir, que evita citar cifras não comprováveis, corrige: mataram muita gente. Aos judeus, recolheram na sua sinagoga e lá os francos os queimaram vivos. Destruíram também os monumentos dos santos, e a tumba de Abraão – a paz esteja com ele!
Entre os monumentos saqueados pelos invasores, encontra-se a mesquita de Omar, erguida em memó- ria do segundo sucessor do profeta, o califa Omar Ibn al-Jattab, que havia tomado Jerusalém dos romanos em fevereiro de 638. A partir desse feito, os árabes aproveitaram sempre que puderam a ocasião de evocar aquele acontecimento com a intenção de realçar a diferença entre seu comportamento e o dos francos. Naquele dia, Omar havia entrado montado em seu célebre camelo branco, enquanto o patriarca grego [bizantino] da Cidade Santa ia a seu encontro. O califa havia começado por prometer que se respeitariam as vidas e os bens de todos os habitantes, antes de pedir-lhe que o acompanhasse na visita a todos os lugares santos do cristianismo. Quando se encontravam na igreja de Qyama, o Santo Sepulcro, como havia chegado a hora da oração, Omar perguntou a seu anfitrião onde poderia estender seu tapete para prostrar-se. O patriarca o convidou a permanecer onde estava, mas o califa o contestou: “Se eu o fizer, os muçulmanos amanhã quererão apropriar-se deste local, dizendo: ‘Omar rezou aqui’”. E, levando seu tapete, foi ajoelhar-se do lado de fora. Estava certo, pois nesse local foi onde se construiu a mesquita que leva seu nome. Os chefes francos, desgraçadamente, não são tão magnânimos. Celebram seu triunfo com uma matança indescritível e logo saqueiam selvagemente a cidade que dizem venerar.
(MAALOUF, Amin. La invasión. Madrid: Alianza Editorial, 1994. p. 85-86).

a) O texto menciona a “diferença de comportamento” entre os árabes e os francos (cristãos). Explique a que diferença o texto se refere.
b) Por que o episódio da visita de Omar ao Santo Sepulcro é tomado pelos árabes como exemplo de seu comportamento em relação aos cristãos?
c) Reflita sobre seus conhecimentos em relação à Baixa Idade Média e ao movimento cruzadista e responda: que intenções pode Amin Maalouf ter tido para escrever um livro em que as Cruzadas fossem contadas do ponto de vista dos muçulmanos?

Respostas

respondido por: negrusmagister
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a) O texto parte da ideia de que os árabes, menos violentos e mais razoáveis em situações conflitantes, tratavam os adversários com mais tolerância. Dessa forma, o texto retrata os francos como bárbaros selvagens, em contraponto aos muçulmanos mais civilizados.

b) Porque Omar toma providências para evitar conflitos com os cristãos, numa demonstração de grande respeito pelos símbolos religiosos da cristandade.

c) Em contraste com a imagem atual dos muçulmanos extremistas e de pouca cultura, que a mídia tem difundido no mundo ocidental, o autor procurou demonstrar que, desde as Cruzadas, o discurso contra o árabe não é exato mas que, ao contrário, não relata fatos da educação aprimorada e da civilidade muçulmana. Ele buscou a quebra desse preconceito.
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