• Matéria: História
  • Autor: Bielcosta9309
  • Perguntado 8 anos atrás

O texto a seguir trata da organização de sindicatos na época da Segunda Revolução Industrial.
O trunfo dos trabalhadores era a força numérica. Organizados em sindicatos para defender seus interesses comuns, podiam fazer pressão com medidas tomadas em termos coletivos. Como recurso final, eram capazes de entrar em greve — embora sob o risco de cortes nos salários ou até mesmo de demissão.
Muitos sindicatos haviam se desenvolvido na mesma linha das guildas medievais: a princípio, com o intuito de proteger os interesses de profissões e ofícios específicos, com frequência contra grupos competidores de trabalhadores. Os sindicatos barganhavam salários e condições de trabalho pelos seus membros, prestando-lhes assistência financeira quando enfrentavam problemas de saúde ou vivenciavam outros apuros. A tendência dos sindicatos era representar artesãos qualificados; mas no fim do século XIX ocorreu uma mudança significativa, quando uma massa de operários não qualificados começou a se filiar aos sindicatos. Uma série de greves nas docas de Londres, na década de 1890 — cujo resultado foram algumas concessões, inclusive aumento de salário para trabalhadores — , demonstrou o imenso potencial dos sindicatos. Esse "novo sindicalismo”, abarcando trabalhadores sem qualificação, mudou a face das relações industriais.
Na virada do século a indústria se transformou num campo de batalha, sendo as greves a principal arma de negociação dos trabalhadores. Elas ocorriam com regularidade por todo o mundo industrializado. Em 1900, foram deflagradas nas regiões mineiras da Bélgica, da Alemanha e da Áustria. Em 1902 o rei Afonso XIII da Espanha declarou a lei marcial em face da conflagração industrial amplamente difundida. Uma greve de ferroviários na Hungria, em 1904, levou a desordens civis. Em 1907 violentos distúrbios eclodiram na Antuérpia e na Bélgica — operários britânicos não sindicalizados foram embarcados como fura-greves nas docas.
O poder dos sindicatos se tornara uma questão política de peso. Governos de todas as convicções consideravam-nos uma ameaça e reagiam ao seu poder à altura. Nos regimes autoritários, como o da Rússia, toda atividade sindical era reprimida, e as greves eram enfrentadas com demonstrações de força, que em geral acabavam em distúrbios e mortes. Na Rússia as concessões só foram alcançadas depois da revolução de 1905. Em países mais liberais, como a Grã-Bretanha e a França, talvez os próprios sindicatos até fossem tolerados, mas não raro as greves levavam a confrontos cruéis.
Uma das principais armas da classe patronal era o lockout: diante da ameaça de ação sindical indesejada, os empregadores cerravam os portões das fábricas, na certeza de que isso seria mais prejudicial ao bolso dos trabalhadores do que aos deles. Deflagrada a greve, sempre era possível contratar fura-greves, embora essa atitude pudesse fazer com que o tiro saísse pela culatra: em vez de dobrar os grevistas, a medida em geral os tornava mais acirrados e militantes. Mesmo assim, enquanto permaneciam localizados e limitados a ofícios específicos, os sindicatos eram vulneráveis à tática de "dividir para reinar”. Só viriam a ser verdadeiramente eficazes quando cobrissem setores integrais e, se possível, também os correlatos. Portanto, uma greve dos estivadores, apoiada por todos os trabalhadores dos transportes, podia levar um país à paralisação.
(M ASO N. Antony. O su rg im e n to d a Era M o d erna : 1900-1914. Tradução M aria Clara de M ello M otta. R io de Janeiro: R eader's D igest. 2 0 0 3 . p. 97-8).

a) A partir da leitura do texto, explique como os sindicatos atuavam na defesa dos trabalhadores no final do século XIX e início do XX.

b) Quando as negociações sindicais falhavam, qual era o recurso utilizado pelos trabalhadores visando ter suas reivindicações atendidas? Dê um exemplo.

c) Quais as maneiras encontradas pelas classes patronais para contra-atacarem uma greve? Que papel os fura-greves desempenhavam nessa contraofensiva?

Respostas

respondido por: Anônimo
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a) Os sindicatos começaram como grupos de trabalhadores que pertenciam a um mesmo ramo, e tinham sua força no número de afiliados. Os sindicatos negociavam salários e prestavam auxílios comunitários a seus membros, como em caso de doença, por exemplo.
 
b) Quando as reivindicações dos sindicatos não eram atendidas, os trabalhadores entravam em greve, e tais greves tinham grandes repercussões nas sociedades industrializadas da Europa, como no exemplo citado no texto da greve dos ferroviários da Hungria, em 1904.

c) Uma reação dos patrões à greve era o fechamento das fábricas, que se acreditava causaria muito mais prejuízo ao trabalhador, que não receberia seu salário por não trabalhar, do que para o dono da fábrica. Nesse mesmo contexto, a contratação de fura-greves, pessoas que trabalhariam mesmo com a greve declarada, mantendo o funcionamento da fábrica, servia para que o patrão não perdesse sua produção e para desmoralizar o movimento, mas também tinha o efeito colateral de aflorar a revolta dos grevistas.
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