Respostas
Ao adentrar a década de 1970, momento em que se iniciou o governo do general Médici, o regime militar brasileiro foi responsável pelo estabelecimento de um quadro de natureza contraditória no Brasil. Por um lado, o país vivenciou um período de grande desenvolvimento da economia brasileira. Durante todo esse período, o país experimentou níveis de crescimento que variavam entre sete e treze por cento ao ano. Vários recursos foram destinados à expansão da infraestrutura, a indústria se expandiu e novos postos de trabalho surgiram.
Por outro lado, essa mesma época de euforia também foi marcada pelo auge da violência empregada contra os opositores do regime. Prisões, torturas e assassinatos se avolumaram contra os guerrilheiros. No campo e nas cidades, o aparelho repressivo se sofisticava com o desenvolvimento de centros de informações e operações que comandavam o levantamento de investigações contra tais movimentos. Além disso, órgãos clandestinos como a Operação Bandeirantes (OBAN) e o Comando de Caça aos Comunistas (CCC) davam apoio a essas ações.
Com o objetivo de amenizar essa violência institucionalizada, o governo contou com ações de mídia que reafirmavam o espírito nacionalista e o desenvolvimentismo. Ao mesmo tempo, os instrumentos de censura, garantidos pelo Ato Institucional Nº 5, estabeleciam o impedimento da publicação de matérias de jornal ou qualquer tipo de manifestação artística interessada em denunciar tais abusos. Era de tal modo que milhares de cidadãos eram silenciados ou alienados dos abusos que sustentavam tal situação.
Ao fim do governo, a euforia causada pelo crescimento econômico já começava a dar sinais de fraqueza. A extrema dependência com o quadro econômico internacional e a concentração de renda do período determinou a fraqueza da nossa própria expansão. A crise do petróleo no mercado internacional, a elevação dos juros na economia global e o agravamento das desigualdades socioeconômicas foram decisivos para que o milagre econômico tivesse curta duração.
Mesmo que o milagre econômico começasse a dar sinais de fraqueza, Médici aproveitou de seu prestígio na cadeira presidencial para indicar o seu próprio sucessor. O escolhido foi Ernesto Geisel, que já havia ocupado cargos de elevada importância nos governos Castello Branco e Costa e Silva. Não sendo uma figura ligada à ”linha dura”, Geisel seria o responsável a arquitetar, em meio à vindoura crise da economia brasileira, o processo de desarticulação “lento, gradual e seguro” da ditadura militar.
Bons estudos, Vinicius!