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A história está sempre nos lembrando de desafios. Ninguém consegue ficar alheio aos contrapontos que se formam no cotidiano. As desigualdades não são apenas econômicas. Elas fundamentam conflitos e trazem frustrações. Não vamos negar a miséria que se espalhar por tantas regiões.Incomoda, alimenta monopólios e ambições. São contrastes contínuos. Inventam muita política para amenizar fomes e carências. No entanto , há certa apatia ou mascaramento quanto se trata de focar o eixo dos desencontros. Prevalecem assistencialismos que usam até inaugurações e planejamentos precoces para enganar a sociedade. O discurso do vencedor é hábil, não dispensa objetividades científicas e o jogo dos espetáculos cínicos.
A repressão estimula, na maioria das vezes, e não soluciona nada. Falam em pacificar as favelas, em cercar as máfias das drogas, em reformar a ação policial. As estatísticas não convencem. Os governos vivem curtindo números que poucos entendem. Quem está no vaivém da vida social não se encanta. Observa que as ruas estão cheias de lixo, de desarrumação, de comércio de crack acima do que dizem as estatísticas. O medo traz desconfiança, porém não cala o fogo desenvolvimentista de alguns que tentam sacudir esperanças. É confuso afirmar como os partidos se compõem, se há lealdade ou ética.
Fica difícil, numa sociedade que incentiva consumo e concorrências, pensar na solidariedade. Não se trata de arquitetar paraísos. As fragilidades existem. A história não cultiva a perfeição. Não à toa que o pecado original impressiona e as serpentes andam soltas. Se não há rebeldia, cairemos em totalitarismos nada animadores. Há controles, contudo nem todos se conformam e fecham a porta da inquietação. O capitalismo procura desviar-se das crises. Possui artimanhas, cria alternativas. Nem todos acreditam na naturalização de certos comportamentos. Percebem que a concentração de riquezas é sinal de que a violência se alarga.
Portanto, os poderes não cansam de redefinir formas de dominação. Na Europa, a fome e o desemprego circulam. Os colonizadores amargam perdas, anunciam limites na gestão da economia, temem as migrações. Na América do Sul, surgem perspectivas de mudanças, protestos, lideranças, no entanto o desequilíbrio ainda é imenso. As cidades superlotadas ressaltam o lugar da máquina e dos projetos da construção civil. Derrubam-se tradições, identidades, hábitos. Isso faz parte da história, porém, a intimidação e os pactos obscuros sedimentam privilégios em nome da modernização. A ordem é acumular, festejar futuros, cooptar os insatisfeitos.
A violência expande-se, porque há espaços e interesses que alimentam a expansão. A questão não é, apenas, a repartição da grana. A complexidade é grande. A montagem da dominação é sofisticada. Muitos admitem combatê-la, mas terminam envolvidos pela lógica do mais esperto. As pedagogias insistem em valorizar a fama, em celebrar um modelo de escola que atiça o sonho do luxo. Nem se ligam nos desfazeres sociais. Os exemplos ajudam a firmar comportamentos sinuosos. Esquecem que a história se movimenta, não um ruído único de vozes. As dissonâncias denunciam as pretensões dos vencedores por mais ornamentações que inventem. As conjugações das dúvidas colocam em suspeita generosidades fabricadas. Nem tudo é sufoco e lamento.
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