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“O setor informal é muito mais heterogêneo do que a gente imagina. Tem sim um trabalhador pouco qualificado que não consegue encontrar uma colocação no mercado formal de trabalho, que desejaria ter um trabalho com carteira, mas que por razões múltiplas, em particular pela sua própria baixa qualificação, não consegue um emprego formal, um emprego com carteira. Mas tem também trabalhadores muito qualificados que muitas vezes optam pela informalidade por, por exemplo, pagar menos impostos, ter uma renda líquida mais alta”, afirma o professor de economia da PUC-Rio Gabriel Ulyssea.
O país tem hoje 11 milhões de desempregados e a perspectiva é de que a economia encolha 4%. A informalidade cresce. Desde o ano passado, 1,5 milhão de pessoas começaram a trabalhar por conta própria, e 165 mil viraram trabalhadores domésticos. Alguns profissionais, como músicos e DJs, são na maioria informais.
“Há 20 anos eu sou DJ e nunca tive carteira assinada. Existem trabalhadores dos toca discos, DJ que são residentes de boates. Esses DJ, normalmente, têm a carteira assinada até para não dar problema trabalhista depois. Mas a minoria da categoria tem carteira assinada”, afirma o DJ Saddan.
Há profissionais que caíram na informalidade temporariamente. Porém, o trabalho informal também pode ser a porta de entrada para muitos empreenderem e inovarem. No caso da ‘startup’ Farmazap, em Recife, que criou um aplicativo de pesquisa preço de medicamentos, a informalidade é transitória, dura o suficiente para a empresa se estruturar e ganhar independência administrativa e financeira da mentoria do Polo Digital. A carga tributária alta e a burocracia são obstáculos que desestimulam o empreendedor a se formalizar e expandir a empresa e quem perde com isso é a economia do país e os brasileiros.
“É incorreto achar que a informalidade é um lugar de serviços e produtos de baixo conhecimento, de pouca aplicação da economia do conhecimento. Hoje tem muito programador na informalidade, você tem gente que é especializada nos mais variados tipos de economia do conhecimento e até da cultura”, explica Ronaldo Lemos, diretor do Instituto de Tecnologia & Sociedade do Rio.