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EXTRAORDINÁRIO, chega para confirmar que Chbosky sabe também pegar a obra de outra pessoa, no caso o romance homônimo de R.J. Palacio, e transformar em um filme que transborda amor.
EXTRAORDINÁRIO é capaz de deixar o espectador com vontade de abraçar os amigos, os familiares. É um tipo de cinema que pode ser visto como ultrapassado, mas que na verdade é um tipo de cinema arriscado, já que para perder a mão em um melodrama é muito fácil. Como o diretor já havia se mostrado um artista extremamente sensível no trato com as pessoas que se sentem excluídas ou diferentes, não foi tão difícil assim a tarefa de contar a história de um garotinho que nasceu com o rosto deformado e que encara pela primeira vez uma escola.
A estrutura do romance está bastante presente no modo como o filme apresenta carinhosamente os personagens e os aprofunda. Isso é tanto encantador quanto revelador. No começo, quando pensamos que é o filme é só sobre Auggie (Jacob Trembley), o garotinho, até podemos pensar que o filme é muito quadrado, mas a apresentação do ponto de vista da irmã do Auggie já mostra que há mais camadas, há mais a oferecer.
Claro que o sofrer de Auggie é diferente, ninguém quer estar na pele dele, mas ao mesmo tempo é muito bom a gente chegar até o final e ver o seu sentimento de gratidão, depois de ter passado por uma trajetória muito difícil numa escola que o recebeu principalmente com bullyings, mas depois com as amizades e as conquistas.
Podemos dizer, então, que EXTRAORDINÁRIO é um filme sobre conquistas. A cena final de Auggie, seu agradecimento, por mais que aquilo ali fuja de algo realista – na verdade, a melhor descrição é mesmo a de Mark Cousins, autor de História do Cinema, chamando o cinema hollywoodiano tradicional de “realismo romântico fechado”, e não cinema clássico, como alguns preferem. Nesse realismo romântico fechado, há enfeites de maneira que tudo pareça mais bonito, para poder chegar a um fim, no caso, mostrar uma espécie de lição.
E isso não é nenhum demérito. Há quem esteja, inclusive, lembrando de clássicos como A FELICIDADE NÃO SE COMPRA, de Frank Capra, e O SOL É PARA TODOS, de Robert Mulligan, em resenhas. De todo modo, sempre é bom lembrar que uma das referências plasticamente mais associadas a EXTRAORDINÁRIO é MARCAS DO DESTINO, de Peter Bogdanovich, que trata de um adolescente que tem um rosto deformado, inclusive muito parecido com o rosto de Auggie.
Uma coisa que EXTRAORDINÁRIO nos faz lembrar é o quanto as amizades nos deixam mais fortes, o quanto estar sozinho ainda é muito difícil, principalmente para quem é jovem, para quem é criança ou adolescente. Você se sente mais forte quando você sabe que tem um amigo (ou amigos). E o filme trabalha de maneira muito pungente essa questão da amizade. Ou o quanto é doloroso se sentir traído por um amigo ou uma amiga.
O cinema, assim como a arte como um todo, é um instrumento que nos ajuda a nos tornamos pessoas melhores. Então, um filme como EXTRAORDINÁRIO talvez seja um dos exemplos mais explícitos desse tipo de obra que nos coloca no lugar do outro, traz o necessário sentimento de empatia, de compreensão do outro. E vale lembrar também que, antes de mais nada, estamos diante de um filme sobre vitórias. Não só a vitória do Auggie, mas também a vitória da mãe dele (Julia Roberts), da irmã (Izabela Vidovic), da amiga da irmã, e do quanto tudo isso é comovente e enriquecedor para a alma. Há uma cena em especial quando Auggie descobre que tem amigos. Não apenas um amigo ou dois, mas um grupo de amigos. Tratar essa história com tal sensibilidade é uma tarefa louvável
Resposta:
"Extraordinário" faz jus ao nome com toda a sua simplicidade
Publicado em 4 de dezembro de 2017 por Felipe Sclengmann em Resenhas
Bondade! Essa palavra parece estar sumindo do vocabulário universal. Extraordinário é cheio de lições de compaixão e auto aceitação que vão te lembrar, mesmo sendo extremamente otimista, que a bondade faz parte do âmago do ser humano.
No filme, Auggie Pullman (Jacob Tremblay, de O Quarto de Jack) é um garoto que nasceu com uma deformação facial, o que fez com que passasse por 27 cirurgias plásticas. Aos 10 anos, ele pela primeira vez frequentará uma escola regular, como qualquer outra criança. Lá, precisa lidar com a sensação constante de ser sempre observado e avaliado por todos à sua volta.
Seguindo um momento importante na vida de Auggie, Extraordinário não deixa de lado os seus coadjuvantes e vai cativando não só com o protagonista, mas também com seus pais, Julia Roberts (Olhos da Justiça) e Owen Wilson (Zoolander 2), mas principalmente com sua irmã, Izabela Vidovic (Supergirl), e seus amigos, Noah Jupe (HHhH), Millie Davies (Orphan Black) e Danielle Rosa Russell (Sob o Mesmo Céu).
Stephen Chbosky (As Vantagens de Ser Invisível) dirige a adaptação do romance de R.J. Palacio com uma sensibilidade ímpar. Ele extrai boas atuações do elenco adulto e infantil, sem deixar que a história caia na pieguice ou mesmo seja maniqueísta manipulando o público para emocionar.
A narrativa, dividida em capítulos, se aprofunda na perspectiva dos diferentes personagens jovens e, por vezes, se duplica em eventos e traz novas facetas para cada um deles.
Tremblay está irreconhecível sob camadas de maquiagem e computação gráfica (assinada por Arjen Tuiten, de O Labirinto do Fauno e Malévola), ainda assim sua atuação está impecável. O menino canadense, hoje com 11 anos, prova o motivo que o destacou em O Quarto de Jack, seu talento nato.
Nos entusiasmamos com Auggie, suas observações sobre o mundo e suas respostas para alguns problemas da vida (que também passamos e nos identificamos, mesmo não tendo a aparência do menino). Extraordinário é uma história de conexão, não de sofrimento, ele vai dramatizar a vida de um garoto perante as pessoas ao se redor e as adversidades da vida e com isso nos convida a embarcar com ele. Eu aconselho: se deixe levar e emocione-se!
espero ter ajudado :)