• Matéria: Música
  • Autor: eduardanivianep6zars
  • Perguntado 8 anos atrás

Alguém me explica a música UM SONHO de Gilberto Gil?

Respostas

respondido por: SouLuna12345
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Esta letra, que tem estrutura poética semelhante ao côco nordestino (estrofes de 4 versos com o primeiro contendo 4 sílabas e os restantes com 7), apresenta o relato de um sonho ocorrido ao eu lírico. Não é revelada a posição ideológica do mesmo, mas no sonho ele assume a posição “moderna” - industrialista-burguesa. Estando ele num congresso de economia, defende a criação de mais emprego, mais esforço e defende a mais-valia. Tudo isso através da criação de indústrias, de pólos de energia, isto sim, signos de desenvolvimento e prosperidade. O crescimento, dessa forma, viria da tecnologia, entendida aqui, como tecnologias tradicionais: máquinas (signo moderno).O discurso racionalista (estatísticas e gráficos) não poupava os signos do atraso: o lúdico, o lazer, o descanso e o “espaço cultural da poesia”. Só o trabalho (o país só vai pra frente se trabalhar todo dia) pode gerar a riqueza e a acumulação que se deseja. Inebriado pelo seu próprio discurso, o orador não se dava conta do anacronismo e inadequação do seu discurso (estava certo de que tudo que eu dizia representava verdade pra todo mundo que ouvia). Só se apercebe quando um velho levanta-se da cadeira e sai assobiando. Notem que contra o discurso lógico-racionalista do defensor da “pujança econômica”, se opõe matreiramente uma atitude não discursiva, mas cheia de significados. Com seu gesto lúdico (sair assoviando) o velho desarma toda a racionalidade e verborragia do orador. E não é qualquer coisa que o velho assovia.A indefinição da melodia, que está entre um prelúdio bachiano, um frevo pernambucano ou um choro de Pixinguinha, produz um arco de solidariedade entre a cultura popular e erudita. A música, como contra-discurso, desestabiliza o discurso lógico racional. A ação do velho (emblematicamente um portador da tradição) é devastadora para o orador, que repentinamente se vê nu (o rei está nu). Ato contínuo ele é exposto ao ridículo e todas as bocas sorriem, todos os olhos o olham, e todos os homens se retiram... ele fica só e sente frio. E agora José? Nesse momento ele acorda assustado e vai para a calçada ver o céu. Nas ruas a cena que ele vê parece que continua a reforçar o contra-discurso iniciado pelo velho. O que ele vê ainda lhe parece insólito. Jovens estudantes e operários gritam entre risadas: “viva o índio do Xingu”. O índio aqui pode ser entendido como o antípoda da mentalidade industrialista, um signo macunaímico (ai, que preguiça).


Nesta canção Gilberto Gil realiza sinteticamente a discussão em torno do moderno e do pós-moderno no sentido que atribuímos aqui. E é sintomático que a frente do Ministério da Cultura, Gil seja um aguerrido defensor dos novos papéis da cultura nos novos cenários que se configuram na contemporaneidade.

ESPERO TE AJUDADO
respondido por: julialiri
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Gilberto Gil discute sobre elementos do moderno e do pós moderno em sua música, ao abordar a sociedade industrialista-burguesa. Ao fim da música o eu-lírico é colocado como um índio Xingu, esta associação pode ser uma crítica de Gil a esta sociedade, a qual deve retornar a suas raízes indígenas.

Quem é Gilberto Gil?

Gilberto Gil é um cantor da Música Popular Brasileira (MPB) e foi líder do movimento Tropicália, junto com Caetano Veloso no contexto dos anos de 1960. Este movimento propunha uma nova noção de brasilidade para a MPB.

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