Na segunda, terceira e quarta estrofes do texto 2, o eu lírico reitera a argumentação da primeira estrofe, fazendo um jogo de idéias a partir de um jogo com palavras todo a parte.
A) Com base na definição do sacramento dada no glossário, explique a relação que o eu lírico estabelece entre rito e Deus, ultilizando elementos do texto.
B) Como se dá a relação entre o braço de Jesus e a escultura inteira? Justifique sua resposta com elementos do texto.
C) Conclua: Pode-se dizer que, no poema, há um raciocínio silogístico? Explique.
Perguntas sobre o poema de Gregório de Matos.
Respostas
O texto referente às perguntas é "Ao braço do mesmo menino Jesus quando apareceu", de Gregório de Matos. Segue em anexo.
a) Segundo o eu-lírico, Deus está por inteiro em todo o sacramento ("Em todo sacramento, está Deus todo"), mas também está presente em cada uma de suas partes ("E todo assiste inteiro em qualquer parte").
b) Como o braço de Jesus foi encontrado sozinho, ele é o todo, e não a parte. Assim, o braço de Jesus representa a escultura inteira.
c) Sim, o raciocínio silogístico está presente na medida em que o autor parte de uma premissa maior (a de que a parte sozinha é o todo) para em seguida inserir uma premissa menor (a de que o braço de Jesus é parte sozinha). E por fim conclui que o braço de Jesus é o todo, é toda a escultura.
Nas estrofes do poema, cujo nome é:
- "Achando-se um braço do menino Deus de N. S. das Maravilhas, que desacataram infiéis na Sé da Bahia"
De autoria do poeta barroco Gregório de Matos, nos deparamos com um jogo de ideias característico da estética barroca e do estilo do autor.
Análise do poema Achando-se um braço...
A. O eu lírico, no quinto verso do poema, declara:
- "Em todo o Sacramento está Deus todo"
- Sacramentos são sete ritos católicos. São os rituais em que a graça divina é "distribuída" aos fiéis.
O poeta quer nos dizer com isso que, apesar de a graça ser "distribuída", ela não é "dividida" ou "separada" do todo, que seria a unidade representada por Deus. Existe uma lógica por trás desse pensamento, que é:
- Deus é a unidade. Logo, não pode se tornar "parte", pois deixaria de ser "um" ao se partir em "dois".
B. A relação entre o braço de Jesus e a escultura nos é dada na quarta estrofe:
- "Um braço que lhe acharam, sendo parte,/ Nos diz as partes todas deste todo."
Segue-se a mesma lógica anteriormente explicada: ao achar um braço de Cristo, acha-se Cristo por inteiro, pois a sua totalidade divina está em cada fragmento.
Desse modo, mesmo que separado, o braço (a parte) representa a escultura (o todo).
C. Há sim esse tipo de raciocínio no poema.
Esse modelo de dedução é usado para compreender o universo de maneira racional, ou seja, de maneira elaborada. Geralmente é empregado para questões imateriais, metafísicas, como nesse clássico exemplo:
- Todos os homens são mortais. (premissa maior)
- Sócrates é homem, (premissa menor)
- Logo, Sócrates é mortal (conclusão)
Gregório de Matos fez uma relação do imaterial com o material em seu poema, pois estava convencido de que tanto o espírito divino quanto a estátua que o representa são a mesma coisa no final.
O raciocínio silogístico, nesse caso, funciona assim:
- Premissa maior: Deus é onipresente. Está presente, inteiro, em tudo (ideia imaterial).
- Premissa menor: O braço fragmentado da escultura de Cristo é uma parte da escultura inteira (ideia material)
- Conclusão: Assim como cada parte do espírito divino representa sua totalidade, o braço de Cristo representa a estátua inteira.
Mais sobre Gregório de Matos em: https://brainly.com.br/tarefa/6993185
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