Um velho e um miúdo vão seguindo pela estrada. [...] Fogem da guerra, dessa guerra que contaminara toda a sua terra. Vão na ilusão de, mais além, haver um refúgio tranquilo. Avançam descalços, suas vestes têm a mesma cor do caminho. O velho se chama Tuahir. É magro, parece ter perdido toda a substância. O jovem se chama Muidinga. Caminha à frente desde que saíra do campo de refugiados. Se nota nele um leve coxear [...]. Vestígio da doença que, ainda há pouco, o arrastara quase até à morte. Quem o recolhera fora o velho Tuahir, quando todos outros o haviam abandonado. COUTO, Mia. Terra sonâmbula. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. O trecho foi retirado de uma das obras mais renomadas da literatura moçambicana. Nele problematiza-se de forma simbólica a) a visão metafórica das personagens alienadas às dificuldades do meio. b) a consciência em crise diante do passado e do futuro de uma nação. c) a disposição bélica comum entre pessoas com dificuldade financeira. d) a tese do espírito separatista como fruto da má influência do meio. e) a pobreza econômica como resultado da falta de recursos naturais.
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A ideia do trecho é que o jovem Muidinga, miserável e doente, foi abandonado por todos - e, com este "todos", a autora fala da organização global, que deixa países pobres, como Moçambique, na miséria enquanto outros são riquíssimos -, mas foi salvo por um sujeito ainda mais miserável e abandoando que ele mesmo, o velho Tuahir.
Logo, o trecho ilustra uma posição contrária à tese de que as pessoas reduzidas à miséria se comportariam de modo "selvagem", com uma atacando a outra, sendo, ao contrário, apenas o miserável Tahir que parou para ajudar Muidinga, seu semelhante.
É correta a alternativa D.
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