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Estamos certamente passando por um período de transição em nossa sociedade, com a transformação de uma economia basicamente exportadora para outra mais voltada ao mercado interno, resultado da intervenção do Estado na economia e sua consequente inclusão de grande massa de trabalhadores no mercado formal – não sem as "terríveis dores do parto", como dizia Marx.
Ao mesmo tempo, e dialeticamente, as massas ascendentes (sobretudo os jovens) buscam melhor posicionamento. Percebendo, agora mais que nunca, as contradições da sua existência, cobram os direitos a elas negados há séculos. Direitos não só sociais e políticos, mas, sobretudo, o direito ao consumo. Me parece bastante óbvio que as revoluções nos meios de comunicação são também fundamentais neste processo. As atuais condições materiais de existência também permitem trocas de informações como jamais foi possível.
Toda esta transformação econômica e social entra em inevitável contradição com o aparato político-ideológico e suas estruturas de poder, sejam elas estatais ou privadas - sistema político, judiciário, imprensa, empresas tradicionais, sindicatos, burocracia, setores partidários etc..., que procuram a todo custo preservar a velha ordem.
Em um país com alto grau de industrialização ainda predomina grande parte da oligarquia. Suas antigas práticas fisiológicas enferrujam as engrenagens do sistema até o ponto de emperrá-las. Segundo a teoria marxista, estas contradições destroem o velho, enquanto, dialeticamente, de seu próprio útero vai sendo gestado, como síntese, o novo. As forças produtivas colocadas em movimento pela redemocratização nestas duas últimas décadas (pelo menos, e com maior profundidade na última) funcionam como placas tectônicas quando deslocadas. A grandeza do que se sente na crosta, depende, pois, da intensidade deste deslocamento subterrâneo.
E o meio ambiente? Este me parece ser um componente explosivo desta equação, porque tem cada vez mais se mostrado finito. Neste trem embalado não há lugar para todos na primeira classe...
Chamaram-me especial atenção dois pontos essenciais no texto do Nassif:
1) o esgotamento de um ciclo e início de outro;
2) e a afirmação: "quem não decifra o novo é devorado".
Nessas horas, é sempre bom lembrar os conselhos de quem sabe o que diz: "As rodas da história não andam para trás" (Karl Marx)