Discorra sobre a possibilidade de o soneto de Gregório de
Matos ser uma imitação do soneto de Camões
Respostas
Você esqueceu os textos:
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
muda-se o ser, muda-se a confiança;
todo o mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo da esperança;
do mal ficam as mágoas na lembrança
e do bem (se algum houve), as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
que já coberto foi de neve fria,
e, enfim, converte em choro o doce canto.
O segundo:
Seis horas enche e outras tantas vaza
A maré pelas margens do Oceano,
E não larga a tarefa um ponto no ano,
Depois que o mar rodeia, o sol abrasa.
Desde a esfera primeira opaca, ou rasa
A Lua com impulso soberano
Engole o mar por um secreto cano,
E quando o mar vomita, o mundo arrasa.
Muda-se o tempo, e suas temperanças.
Até o céu se muda, a terra, os mares,
E tudo está sujeito a mil mudanças.
Agora podemos responder corretamente:
Dentro dos dois textos, vemos uma relação de proximidade entre o conteúdo dos textos, pois ambos falam do tempo, assim como as mudanças.
Deste modo, pensar em uma imitação não seria inviável, mas acredito que a utilização da referência está mais presente.
Pois é importante destacar que o segundo é mais introspectivo que o primeiro, apesar dele também possuir essa intensidade, dialoga com questões mais tristes, e íntimas.
Valeu!