• Matéria: Direito
  • Autor: IrisMayumi
  • Perguntado 7 anos atrás

O que une os famosos discursos de Luther King, Robert Kennedy e Obama


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Livros que reúnem grandes discursos celebram o domínio da arte da persuasão. São volumes repletos de floreios retóricos, de apelos comoventes a ideais universais, com cadências elevadas e promessas fáceis. Porém, dois dos retóricos mais importantes do século 20 - ambos assassinados há 50 anos - protagonizaram discursos impregnados de dúvidas, de caráter autorreflexivo e questionador, que expressavam uma vulnerabilidade íntima.

Martin Luther King, principal liderança do movimento pelos direitos civis nos EUA, foi morto em 4 de abril de 1968. No mesmo dia, o então senador Robert F. Kennedy desembarcava no Estado de Indiana, onde faria campanha para ser nomeado candidato a presidente pelo Partido Democrata. Ao tomar conhecimento do crime, ele mudou a agenda e proferiu um extraordinário discurso improvisado, inspirado em um baque pessoal - o assassinato do irmão mais velho, o presidente John F. Kennedy, cinco anos antes - e em autores clássicos que ajudaram a moldar sua visão de mundo.

"Meu poeta favorito é Ésquilo", disse Kennedy à plateia, antes de citar um trecho de Agamemnon, tragédia grega de autoria do dramaturgo, traduzida pela historiadora Edith Hamilton em 1930:

"Em nosso sono, a dor que não se pode esquecer cai gota a gota no coração até que, em nosso desespero, contra nossa vontade, a sabedoria vem a nós pela sublime graça de Deus." [...]

[...] suas palavras moderadas tiveram um efeito poderoso. O público em Indianápolis se dispersou em silêncio, diferentemente do que aconteceu em outras 110 cidades dos EUA em que houve tumulto após o anúncio da morte do ativista negro.

Na manhã seguinte ao assassinato de Luther King, Kennedy falou em Cleveland, no Estado de Ohio, sobre "a ameaça insensata da violência". Ele condenou não só a violência das balas e das bombas, mas "a violência das instituições; a indiferença, a inação e a lenta decadência", assim como a alienação que nos leva a "olhar para nossos irmãos como alienígenas: homens com os quais compartilhamos uma cidade, mas não uma comunidade; homens ligados a nós por uma moradia em comum, mas não por um esforço comum".

Luther King pregava sobre estarmos "entrelaçados em um único tecido do destino". E Kennedy estendeu a metáfora: "Sempre que rasgamos o tecido da vida que outro homem de forma dolorosa e desajeitada teceu para si próprio e para seus filhos, toda a nação é degradada".

É difícil não se surpreender com a candura presente em "dolorosa e desajeitada". Essas palavras expressam nossas tentativas desastradas e imperfeitas de criar uma vida significativa, assim como nossa vulnerabilidade, cujo reconhecimento não é uma fraqueza, mas uma fonte de força. O restante do discurso de Kennedy foi caracterizado por essa sensibilidade aguçada:

"Mas talvez podemos nos lembrar - mesmo que só por um tempo - que aqueles que vivem conosco são nossos irmãos; que compartilham conosco o mesmo curto período de vida; que buscam - como nós - nada mais a não ser a chance de viver suas vidas com propósito e felicidade, com toda a satisfação e realização que puderem ter."

"Certamente, esta ligação de uma fé comum, esta ligação de um objetivo comum pode começar a nos ensinar algo. Certamente, podemos aprender, no mínimo, a olhar para aqueles ao nosso lado como companheiros. E certamente podemos começar a trabalhar mais para curar as feridas entre nós e nos tornarmos, em nossos próprios corações, irmãos e compatriotas novamente", acrescentou.

'Amor difícil'

Os apelos à empatia universal geralmente são apresentados sem complexidade, mas Kennedy oferece uma ressalva em sua fala: "mesmo que só por um tempo". Há uma honestidade sedutora nessa sugestão: devemos amar nossos companheiros cidadãos perpetuamente, mas esse compromisso emocional é uma tarefa significativa. Não é fácil honrar nosso elo comum todos os dias ("mas talvez podemos nos lembrar") ou não cair nas temíveis representações do "outro", a quem somos encorajados a desconfiar.

Luther King trabalhou para criar o que ele chamava de "comunidade amada" e escreveu extensivamente sobre o ágape, a noção grega de "amor sem interesse". Não se trata do sentimento correspondido, mas do amor "pelo inimigo-vizinho de quem você não pode esperar nada de bom em troca". Uma generosidade radical, um "altruísmo perigoso". Esse compromisso com aqueles que são hostis ou indiferentes, que não retribuirão nosso afeto, pode ser chamado de "amor difícil".

Como discursou Kennedy, "não o amor descrito com tanta facilidade nas revistas populares… o verdadeiro amor é altruísta e envolve o sacrifício e a doação".

RESPOSTA CORRETA:

Após o assassinato de Martin Luther King Jr., diferentes cidades estadunidenses foram tomadas por tumultos. Correto

Respostas

respondido por: EricaLeda
173

RESPOSTA CORRETA:  

Após o assassinato de Martin Luther King Jr., diferentes cidades estadunidenses foram tomadas por tumultos. Correto


jnmo185p7clt1: CORRETA
respondido por: judesouzad
63

Após o assassinato de Martin Luther King Jr., diferentes cidades estadunidenses foram tomadas por tumultos.

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