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Fernando Antônio Novais, um dos mais importantes historiadores brasileiros, nasceu em 1933, em Guararema, no interior de São Paulo. Formou-se em história na Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo, onde lecionou de 1961 a 1985. Em 1986, transferiu-se para o Instituto de Economia da Unicamp.
Portugal e Brasil na Crise do Antigo Sistema Colonial (1777-1808)- Fernando A. Novais
A tese de doutorado de Fernando A. Novais “Portugal e Brasil na Crise do Antigo Sistema Colonial (1777-1808), de 1973 é segundo Laura de Mello e Souza de extrema importância para historiografia brasileira, já que em sua tese Novais lança as bases para uma nova compreensão do período e da dinâmicaentre Metrópole-Colônia.
Novais procurou avançar na análise de Caio Prado Jr, e que segundo o mesmo: “Quando Caio analisa o sentido da colonização, fala de uma exploração comercial, mas não explica o que é essa exploração.” (p. 355 in Aproximações Estudos de História e Historiografia) Assim, Fernando Novais recupera as fronteiras que foram abertas por Prado e as alarga, pois, entende o períodocolonial como integrante do Antigo Sistema Colonial.
Uma das questões levantada por Novais em sua tese é a Escravidão e o Tráfico Negreiro, questão fundamental para que consigamos entender o Sistema Colonial. Segundo Novais “A escravidão foi o regime de trabalho preponderante na colonização do Novo Mundo; o tráfico negreiro que alimentou, um dos setores mais rentáveis do comércio colonial.” (p. 98)Desta forma, a escravidão relaciona-se diretamente com a acumulação primitiva de capital, levando a transição do feudalismo para o capitalismo.
Isso porque, todas as atividades produtivas que vão se desenvolver nas colônias cumprem a função no capitalismo comercial, ou seja, serve para alimentar o mercado Europeu. Desta forma, a colônia produz o que interessa à metrópole, entretanto, como Novaissalienta, para que as metrópoles possam desenvolver essas atividades econômicas é preciso de: “Ocupação, povoamento e valorização econômica das novas áreas” (p. 92)
O grande entrave de se fazer isso é por conta do colono que mora na Europa e não se dispõe em realizar o trabalho na colônia, assim, deve-se encontrar mão- -de obra. Vemos esse quadro claramente acontecer quando Portugal vem ao Brasil ese depara com uma população semi-itinerante, tendo então que montar um sistema para que conseguissem encontrar metais preciosos.
Além disso, para resolverem o problema de mão-de-obra, os portugueses usaram num primeiro instante a mão-de-obra indígena, contudo, tiveram grande dificuldade devido a diversos motivos entre eles: a resistência dos índios, domínio de território facilitando então afuga, doenças trazidas pelos portugueses, estruturas sociais diferentes dos modelos portugueses, como na Carta de Pero Vaz de Caminha que salienta uma das diferenças com os portugueses, já que os índios: “Andam nus sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa de cobrir nem mostrar suas vergonhas e estão acerca disso com tanta inocência como têm de mostrar no rosto. (...)”
Entretanto o elementocentral que fez com que os portugueses não utilizassem predominante a mão-de-obra indígena foi devido se a utilizassem o processo de acumulação se daria no interior da colônia, assim, a maior parte do lucro ficaria com a colônia, então, não atendenderia à necessidade de acumulação de capitais na Europa. Diferente do que acontecia com o africano pois: “ [...] a acumulação gerada no comércio deafricanos, entretanto, fluía para a metrópole, realizavam-na os mercadores metropolitanos, engajados no abastecimento dessa “mercadoria