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principais clubes brasileiros estão em crise financeira desde muito tempo atrás. Foi por esse motivo que, a partir de 1983, as agremiações passaram a utilizar legalmente a publicidade nos uniformes como uma forma de gerar receita para o clube. Além da tentativa de organizar o futebol em termos mais racionais e profissionais, Carlos Miguel Aidar, primeiro presidente do Clube dos 13 (de 1987 a 1989), vinha de desavenças com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e se dizia desacreditado da boa vontade dos dirigentes da instituição.
“O sistema vigente da época estava nos levando cada vez mais para próximo do colapso financeiro. Quando a Copa União começou – é importante observar que o nome da competição foi escolhido como estratégia de marketing – sete dos 13 clubes não tinham patrocínio nas camisas. O futebol estava perdendo credibilidade. Tínhamos de fazer alguma coisa além de tomar o poder”, disse Aidar em entrevista realizada em 1992. “Ele (Clube dos 13) vai organizar o campeonato de 1987, que se chamará Copa União, e nós estamos vendendo este produto”, foi o que disse o ex-presidente do Clube dos 13, quando foi tentar vender o torneio às emissoras de televisão. “A TV Globo comprou o ‘produto’ e assinou um contrato conosco por um campeonato que, de fato, não existia ainda, por 3,4 milhões de dólares”, completou.
A imagem do futebol estava desacreditada pela crescente desorganização gerencial. Torcedores estavam perdendo a confiança na administração da modalidade e não iam mais aos estádios. Como um movimento iria reorganizar o futebol e transformá-lo em um empreendimento bem-sucedido, fazendo com que os torcedores voltassem às arenas e atraindo empresas privadas a investirem no setor?
Mesmo com certas dificuldades, a Copa União trouxe algumas inovações e acarretou em um contrato lucrativo para os padrões brasileiros da época. Há que se fazer essa especificação, pois, na Europa as cifras já eram enormes. Só a final da Copa Européia daquele ano entre Real Madrid e Napoli havia sido vendida por 2,4 milhões de dólares. No entanto, é interessante observar que, 10 anos mais tarde, os contratos pelos campeonatos no Brasil atingiam números inacreditáveis. Como exemplo, o Campeonato Brasileiro de 1997 custou R$ 45,6 milhões (o equivalente a 42 milhões de dólares na época).
Algumas das práticas comuns e vistas como lógicas hoje em dia, também foram criadas na Copa União. Os organizadores do evento sabiam que a estratégia de marketing para vender o seu produto tinha que estar baseada na lucratividade que o futebol poderia oferecer. Contudo, o torneio tinha que ser bem organizado. Por isso, a tabela da competição foi preparada antecipadamente, sem abrir brechas para que fosse alterada durante a disputa, e as regras foram estabelecidas de forma que todos pudessem compreendê-las. Além disso, as partidas foram todas encaixadas aos fins de semana para que os times tivessem mais tempo para treinar, o que melhorou a qualidade dos jogos.
A organização da Copa União conseguiu colocar todos os confrontos para três dias da semana: sexta-feira, sábado e domingo. As partidas disputadas nas noites de sexta eram transmitidas para todo o país, exceto para a cidade sede do jogo. Aos domingos, a partida que seria televisionada para todo o país era decidida cerca de 15 minutos antes do início da rodada por meio de um sorteio.
O questionamento que surgiu na época foi se a transmissão dos jogos ao vivo pela televisão não acarretaria em uma diminuição ainda maior do público nos estádios. Era a primeira vez, desde a popularização da TV no Brasil, que os confrontos do campeonato seriam transmitidos no momento em que aconteciam. O Clube dos 13 sabia que o contrato com televisão, mas a chance do público abandonar as arenas deixava a entidade um pouco receosa.
No entanto, os acordos com a TV foram benéficos não somente para o cofre do Clube dos 13, como também para a organização do torneio. Ao contrário daquilo que era observado antes de 1987, na Copa União, os jogos começavam pontualmente no horário estabelecido graças à televisão e às empresas que pressionavam os dirigentes para marcarem as partidas somente para os fins de semana. Ou seja, a comercialização do futebol acabou por, mesmo que casualmente, melhorar a sua eficiência organizacional e a popularidade do TripAdvisor