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“Não se preocupem. Não queremos controlar o mundo. Só queremos um pedaço dele. ” Esta frase é atribuída ao magnata Rupert Murdoch, dono da News Corporation, império da comunicação com presença marcante em 133 países. Nestas poucas palavras podemos ter a ideia do que a mídia pode fazer, além de trazer à luz o que observamos no dia a dia da imprensa mundial. Formando grandes conglomerados a imprensa nacional e internacional controla quase que a totalidade dos meios de comunicação mundial e desta forma consegue de maneira nem tanto sutil ganhar mentes e corações dos desavisados e de alguns intelectuais.
Como exemplo desta batalha pela formação ideológica posso citar o discurso da globalização que em meados dos anos 90 veio com força ao Brasil (já era presente) através da abertura do país pelo então presidente da república (hoje senador) Fernando Collor de Melo. A apreensão tomou conta da população na época até mesmo pela reestruturação produtiva, acumulação flexível, desempregos, fusões de bancos, extinção de outros, privatização dos bancos e das empresas estatais. No entanto os meios de comunicação (escrita e falada) convenceu a grande massa da população que o “melhor” para todos seria de fato o país começar a receber as influências e mercadorias dos países de capitalismo central.
Em nenhum momento nos foi relatado que nestes países os trabalhadores tinham uma situação trabalhista bem inferior as nossas já precárias condições vividas no Brasil, talvez se a verdade tivesse vindo à tona naquela época haveria uma grande revolta. Hoje este triste cenário de trabalhadores em condições análogas aos escravos, terceirizados, hifenizados e inertes as retiradas dos nossos direitos (contrarreforma da CLT) já não mais causam tanto revolta na classe trabalhadora. Os meios de comunicação incutiram na população a hipotética superioridade das “economias abertas” fazendo crer que naquele momento não havia outra saída, esta mesma tática vem sendo praticada nos dias atuais, estamos acompanhando os discursos e campanhas publicitárias apoiando a reforma previdenciária.
Os meios de comunicação não só aqui, mas mundialmente transfere valores neoliberais para o cotidiano dos trabalhadores e apregoam a necessidade de mudanças, de reformas, porém todas são para a retirada de direitos conquistados nas manifestações e greves da classe trabalhadora, em nenhum momento se utilizam do termo contra-reforma (retrocesso) nas suas campanhas.
Os setores midiáticos com seus tentáculos movimentam bilhões de dólares mundialmente através de (filmes, vídeos, jornais, programas televisivos, livros, banco de dados, acervos digitais, arquivos multimídias, invenções, patentes, protótipos etc.). Tendo como pano de fundo a ampliação da mais-valia da classe dominante e ainda a cristalização dos ideais desta classe para se manter no poder.
Os números nos mostram como estas empresas crescem com uma rapidez invejável, eles estão entre as 300 maiores do mundo não financeiras, sendo não mais de duas dezenas de conglomerados, com receitas entre US$ 8 bilhões e US$ 40 bilhões.
Transformam cultura em economia e economia em cultura, onde para a população o ter é infinitamente mais importante que ser. Para impedir este derrame de ideias neoliberais seria preciso marcos regulatórios proposto pelos “representantes do povo”, mas estes são da mesma forma que os outros; presas nas mãos da mídia que elegem e derrubam quem assim desejam. Aliás no Brasil os representantes da classe dominante detêm seus próprios meios de comunicação que servem de instrumentos para se manterem no poder.
Há um acordo em sufocar as mídias alternativas, impedindo as discussões das ideias, as visões contrárias ao que vem sendo apresentado aos trabalhadores, os sentidos de pertencimento já não fazem parte do público, este hoje é classificado não mais por renda e sim por estilos de vida e gostos em comum, perdendo o seu pertencimento de classe e de nação. Precisamos nos utilizar dos meios alternativos que ainda nos restam, mesmo que seja de forma precária e agora mais que nunca ampliar as lutas sociais buscando a ampliação dos direitos de cidadania através da internet, rádios comunitárias, panfletagens, manifestações, passeatas, greves, mostrando que os meios tradicionais ainda não acabam e que ainda tem espaço para as vozes revolucionárias.