Leia o poema do escritor mato-grossense Manoel de Barros (1916 – 2014):
No descomeço era o verbo.
Só depois é que veio o delírio do verbo.
O delírio do verbo estava no começo, lá onde a
criança diz: Eu escuto a cor dos passarinhos.
A criança não sabe que o verbo escutar não funciona
para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função de um verbo, ele
delira.
E pois.
Em poesia que é voz de poeta, que é a voz de fazer
nascimentos —
O verbo tem que pegar delírio.
(Manoel de Barros BARROS, M. Poesia Completa. São Paulo: Leya, 2011)
Sobre o poema, responda às duas questões que seguem:
1. Sabendo-se que o discurso poético não necessariamente segue os usos habituais da língua, ou seja, as palavras podem assumir um sentido figurado, conotativo, proponha uma interpretação para “Eu escuto a cor dos passarinhos”.
2. Sabendo que “a criança não sabe que o verbo escutar não funciona para cor, mas para som”. Dê exemplos de outros usos impróprios de verbos.
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“Eu escuto a cor dos passarinhos” mostra que o autor está realmente envolvido na melodia e sintonia dos passarinhos, ou seja, foi algo que realmente despertou a atenção do leitor, com isso, essa relação é tão forte que o autor está de fato sentindo o mom em todo em toda a essência que ele proporciona.
Nesse sentido, sabe - se que não se pode escutar uma cor, mas essa ação demonstra apenas o envolvimento do autor.
Dessa forma, esse exemplo acontece de forma semelhante a outros temas conotativos, como " o grito que o surdo ouviu", "essa visão foi tão forte que até o cego viu", ou seja, situações que não são possíveis na prática mas devido ao tratamento pode ser exposto em forma conotativa.
Bons estudos!
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