Durante muito tempo, os historiadores não discutiram as origens das técnicas e os instrumentos empregados na extração dos minérios. Hoje, sabe-se que muitas técnicas, como a empregada na utilização da bateia, são originárias da África. Elabore uma hipótese para explicar esse fato, valorizando a contribuição da cultura africana para a história do Brasil.
Respostas
A importância histórica do ouro, sintetizada no século XVIII por seu papeldestacado nas relações entre Colônia e Metrópole, vem desde a última década do séculoXVII, quando centenas de jazidas aluvionares do metal precioso foram descobertas noscórregos e ribeirões das cercanias de Ouro Preto, Mariana, Sabará e Caeté, provocando oprimeiro grande rush minerador da história do Brasil.Seguiram-se anos de escavações, ainda no Setecentos, e a corrida do ouro teveprofundo impacto na vida da colônia e da própria metrópole, expandindo a regiãomineradora em todas as direções, atraindo milhares de pessoas de todas as condições ecantos do país e estimulando, inclusive, a emigração européia. Para se avaliar este impactoda disseminação do ouro, à época, em Minas Gerais, basta observar, para Martins e Brito(1989), que, em 1814, com a mineração em franca decadência e total refluxo, ainda haviamais de quinhentas lavras em operação distribuídas por 138 distritos e 49 freguesias
As jazidas exploradas no período colonial pertenciam a duas grandes categorias: osdepósitos de aluvião (leitos dos rios), onde o ouro é encontrado em partículas soltas, juntocom cascalho de quartzo, areia e terra; e os filões, onde o metal precioso aparece em veiosdisseminados em quartzo ou em outras rochas auríferas. Em ambos os casos – depósitos dealuvião e filões – as explorações eram a céu aberto, usando-se métodos semelhantes –serviços de rio, serviços de tabuleiro e sistema de catas – e a mineração subterrâneaera raramente utilizada, por exigir tecnologia mais complexa4. Somente quando um filãonão podia ser explorado a céu aberto, recorria-se a perfuração de galerias no seio dasmontanhas. Em 1799,Vieira Couto analisando o estado geral e decadente da mineração doBrasil, registrou que o ouro era extraído nos montes ou nos rios e por isto, os mineiros sedividiam em mineiros de montes e mineiros de rios. No caso dos rios, a lavra do metalprecioso era feita em três lugares: a guapiaras, gupiaras ou grupiaras, correspondentes aosleitos mais antigos e mais elevados ao nível dos rios, na encosta dos morros onde havia odepósito de cascalho; os taboleiros, leito mais imediato ao rio e no mesmo nível dele;e, finalmente, o veio, correspondente à própria madre do rio5. De todos esses serviços, osmais fáceis de lavrar eram as guapiaras e os mais difíceis os serviços do veio do rio. Adespeito de reconhecer a contribuição da ignorância dos mineiros para a decadência damineração à época, Vieira Couto também observa que a mineração dos rios, mais fácil e menos complicada, é que estava num estágio mais adiantado, embora com reduzidautilização de maquinário. Assim sendo, enquanto os rios conhecidos se encontravam todoslavrados, os montes, considerados pelo naturalista e mineralogista “os pais dos metais”,estavam ainda quase intactos, devido ao limitado conhecimento técnico sobre mineraçãosubterrânea. A alternativa encontrada pelo mineiro para os montes era lavrá-lo a talhoaberto, que consistia em explorá-lo a céu aberto, desmontando e tirando primeiro a terra decima dos veeiros. E Vieira Couto questiona: “A isto devemos chamar minas? Cabe antesmelhor, o nome de lavras que lhes dão e não de minas, pois estão bem longe disso. Omesmo digo dos nossos mineiros, pois nada lhes quadra menos que tal nome; são mineirosque jamais perdem o sol de vista”